Diário do Alentejo

Pecuária extensiva vai ser discutida em Ourique

31 de março 2024 - 12:00
Produtores querem mudança de políticas para o setor
Foto| Ricardo ZambujoFoto| Ricardo Zambujo

O IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva vai realizar-se em novembro, mas foi apresentado oficialmente no passado fim de semana, na Feira do Porco Alentejano, em Ourique, local onde terá lugar o encontro. Em discussão estarão, entre outros temas, a sustentabilidade e a renovação geracional.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

A ACOS – Associação de Agricultores do Sul, a União dos Agrupamentos de Defesa Sanitária do Alentejo, as Cooperativas Agroalimentares de Espanha e a Federação dos Agrupamentos de Defesa Sanitária Ganadeira contam, neste ano, com a colaboração da Associação de Criadores de Porco Alentejano e do município de Ourique na organização do Congresso Luso- -Espanhol de Pecuária Extensiva, que terá lugar nos dias 14 e 15 de novembro.

Trata-se da primeira edição presencial, em Portugal, uma vez que em 2020, devido à pandemia de covid-19, o evento, previsto para Beja, decorreu em modo digital. O primeiro teve lugar em Sevilha, em 2018, e o último em Cáceres, em 2022.

Rui Garrido, presidente da ACOS, considera que, “perante problemas que se mantêm, nos dois lados da fronteira, vale a pena refletir em conjunto” no sentido de encontrar soluções para a resolução dos mesmos.

E os problemas têm a ver com “os sistemas de produção, a desertificação do mundo rural e a adequação das ajudas comunitárias” à realidade desta zona da Península Ibérica. Tanto mais que, considera, “nos últimos anos os problemas agudizaram-se, nomeadamente, com o aumento dos períodos de seca, a subida de preço dos fatores de produção e descida de rentabilidade das explorações”.

Assim, Rui Garrido reclama uma “revisão” do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (Pepac) e espera que o congresso “possa influenciar as políticas definidas em Bruxelas”, a favor dos produtores portugueses e espanhóis.

O IV congresso vai decorrer num território que é de excelência para a pecuária extensiva e “deverá ser um ponto de encontro para troca de experiências, permitindo aos técnicos e produtores discutir aspetos relacionados com a renovação geracional nos territórios rurais e aprofundar os conhecimentos com vista à otimização dos recursos a nível da produção e da sanidade e da reflexão sobre o potencial de geração de valor deste setor de atividade”, lê-se no comunicado da comissão organizadora.

Também Nuno Faustino, presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano, considera “muito importante” poder “discutir em conjunto com os espanhóis” os problemas que são idênticos.

Este produtor diz ser necessário “atrair gente nova para a atividade”, o que é difícil no cenário atual. “Temos de contrariar o envelhecimento do setor, onde os mais novos andam pelos 50 e poucos anos”. Para isso, “é preciso uma reflexão para que os responsáveis políticos tomem medidas” que invertam esta tendência. Só assim a “enorme redução de efectivos que agora se observa pode ser revertida”.

Nuno Faustino refere, ainda, o “enorme peso económico e social que a atividade tem, principalmente, em áreas de sequeiro”. Só com a pecuária extensiva é possível “manter os montados, que são criadores de riqueza e emprego”, e dinamizar outras atividades “à volta deste setor”, conclui.

Comentários