Vítor Paixão Gatinho, 41 anos, natural de Frankfurt (Alemanha)
É médico especialista em Medicina Pediátrica e Juvenil. Frequentou a escola alemã e portuguesa em Frankfurt, cidade onde vive e trabalha. Estudou Medicina no Centro Médico Universitário de Mainz (Alemanha), concluindo o seu doutoramento em 2014. Casado e pai de três filhos, tem raízes familiares profundas na aldeia de Salvada, freguesia de Beja, localidade de onde os seus pais são naturais.
Vítor Paixão Gatinho é conhecido como “Kids.Doc” nas redes sociais, onde dá informações sobre os mais diversos temas relacionados com a saúde infantil. A sua página de Instagram conta com mais de 600 mil seguidores e o seu podcast “Mehr Gesundheit für dein Kind” (Mais saúde para o seu filho) foi distinguido, em 2022, com o primeiro lugar do prémio nacional de podcast alemão na área da saúde. Em 2022, lançou um livro de “perguntas e respostas” no âmbito da saúde pediátrica.
Como lhe surgiu a ideia do “Kids.doc”?
Em 2020, durante a pandemia, comecei a publicar vídeos informativos sobre dúvidas frequentes que os pais costumam colocar, no dia a dia do meu consultório, com o objetivo de lhes dar competências, para que possam avaliar melhor as situações que surgem com os seus filhos.
A que se deve o enorme sucesso do seu podcast?
A necessidade de informação para novos pais aumentou. Nem todos têm os seus próprios pais por perto, de forma a conseguirem colmatar dúvidas. Isso cria um vazio, que eu preencho com as minhas informações – que podem ser complexas, mas que eu explico de forma simples, às vezes, com humor. Toda a gente tem um telemóvel na mão, sendo mais fácil conseguir informações on line do que estar, constantemente, a ir ao pediatra. Também há receio de, presencialmente, colocar ao pediatra algumas questões. Estes são alguns dos pontos que podem explicar tantos seguidores.
Quais são as perguntas mais solicitadas pelos pais?
Todas as questões, seja sobre doenças ou educação, são respondidas com o foco na criança. Assim, os pais veem o mundo pelos olhos dos filhos, o que lhes permite percebê-los melhor. Estou a tentar que os pais reconheçam que muitos dos comportamentos demonstrados são, na verdade, normais. Por exemplo: os recém-nascidos choram, mesmo sem dor de barriga – uma explicação comum para o choro do bebé. Mas os bebés não têm, constantemente, dores de barriga. O que tem de estar claro é que o choro de um bebé é normal e não tem sempre de haver motivo para isso. Se chorarem estão a comunicar connosco, porque têm fome, sono ou porque, simplesmente, estão a “desabafar”.
Que outros projetos tem previstos na área da informação pediátrica?
Escrevi um livro, de muito sucesso, sobre crianças, desde o nascimento até aos três anos de idade. Haverá um segundo, sobre crianças dos quatro aos 10 anos. Além disso, está prevista uma app “Kids.Doc”, em que será mais fácil procurar informação. O meu podcast, que já conta com 115 episódios, continuará a educar sobre questões médicas e educacionais relacionadas com as crianças. Farei, também, no próximo ano, uma digressão pela Alemanha, onde abordarei estas temáticas.
Qual a ligação que mantém com as suas raízes, nomeadamente, com a aldeia de Salvada?
Vou desde criança à Salvada. É lá que a minha mãe está enterrada e que o meu pai, já reformado, segue a sua vida. Adoro visitar a minha grande família, passar, todos os anos, algum tempo junto dos meus familiares, seja na Salvada ou em Beja.
Texto | José Serrano