Diário do Alentejo

“Dedico este prémio ao meu pai”

24 de novembro 2023 - 11:50
Bibliotecária de Beja recebe galardão nacional de reconhecimento profissional
Foto | D.R.Foto | D.R.

Paula Santos, 59 anos, natural de Lisboa

 

Nasceu em Lisboa, fez-se gente em Beja. Licenciada em História pela Universidade de Évora, especializou-se em Ciências Documentais, na Faculdade de Letras de Lisboa, e em Documentação Digital, na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona. Bibliotecária na Biblioteca de Beja desde 1994, é sua gestora e responsável pela programação dirigida ao público adulto. Gosta de escrever o seu nome completo – Maria Paula Sérgio Catana Alves dos Santos –, que lhe traz à memória a família, cuja herança histórica, cultural e emocional a foi estruturando.

 

A BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação atribuiu o prémio BAD Maria José Moura 2023, na categoria “Reconhecimento profissional”, a  Paula Santos, bibliotecária da Biblioteca Municipal de Beja.

 

Que significado tem, para si, esta distinção?

Estou grata e emocionada por receber esta distinção que honra a memória do espírito inquieto que foi Maria José Moura, a “mãe das bibliotecas portuguesas”. É comovedor ser escolhida para este prémio que decorre de uma candidatura feita pelos meus colegas junto da BAD. Acresce a esta comoção o facto de esta ser a 3.ª edição deste prémio e a primeira vez que é atribuído a um bibliotecário de uma biblioteca municipal. Mas é, sobretudo, algo muito bonito que acontece neste ano em que perdi o meu pai, a quem dedico este prémio.

 

É o incentivo à leitura o principal impulso da sua dedicação como bibliotecária?

Enquanto bibliotecária municipal vejo-me como uma facilitadora, que coloca à disposição da comunidade as suas competências profissionais e pessoais e os recursos de um serviço público, de modo a que possam servir a construção de um bem comum. A minha missão é criar oportunidades, para que cada um tenha à sua disposição experiências significativas e diversificadas de literacia, que promovam a leitura e criem inter-relações saudáveis, criativas e construtivas entre pessoas com olhares diferentes sobre o mundo.

 

Considera que a profissão de bibliotecária é devidamente reconhecida pela generalidade da sociedade?

O projeto da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas que, desde 1984, garante que cada sede de concelho em Portugal tenha um serviço de biblioteca, é reconhecido internacionalmente como de excecional valor cultural e social. As profissões de bibliotecário e de técnico de biblioteca, que estão presentes desde a génese dessa rede, assim como de bibliotecário escolar, decorrente do projeto da Rede de Bibliotecas Escolares, são hoje reconhecidas por todo a sociedade portuguesa.

 

Este galardão, “em função de critérios relativos ao desenvolvimento de serviços relevantes”, é consequência de uma “história de paixão” entre si e a sua profissão?

Tenho o privilégio de gostar do que faço. A Biblioteca de Beja não é a minha vida mas é, dela, parte intrínseca. Ser bibliotecária é muito mais do que uma profissão, é uma forma de estar e olhar o mundo.

 

Que projeto “de sonho” gostaria de implementar na Biblioteca de Beja?

Os projetos “de sonho” são os que nos ocupam, no presente, o pensamento, à espera de uma oportunidade para se concretizarem. Neste momento, esses “sonhos” são os que estamos a desenhar na Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Baixo Alentejo. Selecionámos duas áreas de projeto vitais para os seus cidadãos, no âmbito da promoção das literacias digitais, mediáticas e informacionais e da preservação da imprensa regional e da sua disponibilização pública e on line, como fonte, riquíssima, para a produção de conhecimento histórico, económico e social sobre a região.

 

Texto | José Serrano

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