Diário do Alentejo

“Gostaria de ver uma escola superior artística no antigo Banco de Portugal de Beja”

07 de abril 2023 - 12:30
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Suzana Henriqueta tem 50 anos e é natural de Elvas, mas reside em Beja. Licenciada em Educação Artística é  artista plástica, cenógrafa, produtora, ensina estímulo à criatividade, desenho e pintura. É, nas horas vagas, estilista e facilitadora cultural. Trabalha com diversos materiais, como pedra, madeira, ferro, metais, acrílicos, papel, tecido… Procura marcar o seu percurso artístico relatando factos pertinentes em que possa explorar a intimidade das personagens, através da pintura, da escultura e da palavra, registando situações de forma a criar recursos para a reflexão.

 

Recentemente foi distinguida em Itália com o Prémio de Mérito Artístico Leonardo Da Vinci 2023. A distinção foi entregue à criadora numa cerimónia que decorreu na passada quarta-feira, dia 5, no Museu de Artes, Cinema e Tecnologia de Milão.

 

Texto José Serrano

 

 

O prémio internacional que agora recebe distingue-a enquanto pintora, mas a pintura é apenas uma das suas facetas de artista...

A pintura regressou ao meu trabalho por causa da pandemia. Eu trabalho sobretudo escultura, é o que mais gosto de fazer, mas as circunstâncias limitaram-me o acesso aos materiais escultóricos que utilizo, sobretudo, à pedra. E agarrei-me aos recursos disponíveis, ao papel que tinha em casa – foi através das experimentações que fui fazendo, na altura em que estava fechada, que a pintura e o desenho voltaram a surgir.

 

Qual a importância deste reconhecimento internacional?

O reconhecimento é sempre motivador, seja ele proveniente de onde for. Neste caso, considero que, tendo sido reconhecida em Itália – um país conservador no que concerne à religião e pondo o meu trabalho, de certa forma, o dedo na ferida –, este reconhecimento internacional tem um peso maior para mim, pois significa que a mensagem que levei passou com sucesso.

 

Estando a viver em Beja desde há quatro anos, considera que a cidade já a reconhece condignamente enquanto artista?

Desde 2019, ano que vim viver para Beja, que, de alguma forma, tenho vindo a construir esse reconhecimento e sinto que de dia para dia o meu trabalho é mais reconhecido. Obviamente que todo este mediatismo que envolve o prémio já está a surtir efeito.

 

De que forma o Alentejo tem influenciado o seu trabalho?

Sou alentejana, pelo que o Alentejo tem influenciado o meu trabalho, desde o começo, desde que me lembro de mim, e tem estado sempre presente, de algum modo, nas minhas obras, através de lendas, mitos urbanos, estórias. Está presente, inclusive, em alguns materiais, como é o caso da pedra que uso nas minhas esculturas.

 

O que gostaria de ver acontecer, de ver implementado, em Beja, no âmbito das artes?

Gostaria de ver implementada uma escola superior artística no antigo Banco de Portugal, nas suas mais variadas vertentes, e ver crescer Beja com mais dinâmica, com menos restrições, com mais apoios à criação e à divulgação.  

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