Diário do Alentejo

"É importante que estas realidades e estas informações cheguem ao maior número possível de pessoas"

03 de fevereiro 2023 - 12:00
Foto | Alberto FriasFoto | Alberto Frias

Santiago Macias tem 59 anos e é natural de Moura. Doutorado em História pela Universidade de Lyon 2 (França), é investigador do Campo Arqueológico de Mértola, técnico da Câmara de Mértola e professor convidado na Universidade Nova de Lisboa. Foi vereador (2005/2013) e presidente da Câmara Municipal de Moura (2013/2017). É Diretor do Panteão Nacional desde abril de 2021 e Cidadão Honorário da Cidade Velha (Cabo Verde). É também autor de vários livros sobre o período islâmico, comissário científico de, entre outras exposições, “Portugal Islâmico” (1998) e “Guerreiros e Mártires” (2020).

 

Recentemente, lançou a exposição "Duarte Darmas - do cálamo ao drone" e um documentário, baseados no livro homónimo do historiador. Esta está patente ao público até hoje, dia 3, na Escola Secundária de Moura, podendo ser vista em Serpa, no castelo, a partir da próxima quarta-feira, dia 8. Depois, até ao final de agosto, a mostra apresentar-se-á em Mértola, Elvas, Alandroal, Barrancos, Mourão, Campo Maior e Monforte.

 

Texto José Serrano

 

Como nos apresenta esta exposição e o seu protagonista?

A exposição revisita o percurso feito por Duarte Darmas, por volta de 1510. Sabe-se pouco deste autor, que era um funcionário da corte de D. Manuel. O rei encarrega-o de fazer o levantamento das fortificações fronteiriças, trabalho que levou a cabo com raro talento. Duarte Darmas desenhou as localidades em duas perspetivas (norte-sul ou este-oeste, consoante os casos) e complementou esse registo com a planta de quase todas as alcáçovas. Em cada localidade destaca os pontos que lhe pareceram mais importantes – igrejas, pontes, fontes, etc.. O que se pretendeu com este trabalho foi verificar, em cada sítio, o que Duarte Darmas poderia ver, se se deslocasse a cada um destes locais.

 

O local da apresentação da exposição, a Escola Secundária de Moura, pressupõe uma finalidade particular?

Sim. O de aproximar a realidade histórica do público estudantil. É particularmente importante chamar a atenção para um aspeto: Duarte Darmas fez todos aqueles desenhos recriando as perspetivas. Ou seja, o que representa nos desenhos (usando um cálamo, uma cana, para desenhar) não pode ser, fisicamente, visto de nenhum local. Na verdade, Duarte Darmas tomava notas e depois “inventava” imagens que só do ar podem ser vistas. Daí que tenhamos usado um drone. No fundo, é como se ele, no século XVI, usasse, mentalmente, um drone. O que ele fez foi verdadeiramente genial.

 

É esta exposição dirigida a um público fundamentalmente académico ou pretende chegar a um coletivo mais vasto?

É uma exposição e um livro para o grande público. É importante que estas realidades e estas informações cheguem ao maior número possível de pessoas. Toda a informação (livro, filme, conteúdos da exposição) pode ser obtida gratuitamente no site do projeto: www.duartedarmas.com. Tivemos muitos apoios (de muitas entidades e de muitos amigos), mas sem a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo nunca teríamos conseguido concretizar tudo isto.

 

Quais as reflexões que gostaria que esta exibição desencadeasse?

Reflexões e motivações. Que fosse possível alargar este levantamento ao resto do País. Duarte Darmas desenhou 55 fortificações, das quais o livro abrange 20, que são as da fronteira do nosso Alentejo.

 

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