Diário do Alentejo

“Vivo num ambiente onde o tempo parece não passar”

23 de janeiro 2023 - 15:00
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Liliana Maia, natural de Lisboa, mas a viver há 14 anos em Odivelas, freguesia do concelho de Ferreira do Alentejo, tirou o curso de Artes no ensino secundário e frequentou o curso de Design no IADE – Faculdade de Design Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia. Desde criança que desenha imagens de personagens, elaborando, com os colegas de externato, pranchas de banda desenhada. Foi campeã nacional de judo, na categoria de 44 quilos. Tem participado, com exposições, em vários festivais de banda desenhada (BD), como o de Odemira, da Amadora ou o de Beja. Tem trabalhos seus, de BD, publicados na revista “H-alt”. Até ao próximo dia 20 de fevereiro tem patente ao público na Biblioteca Municipal de Ferreira do Alentejo tem patente ao público uma exposição de aguarelas, intitulada “Alentejo e por aí além”, da sua autoria.

 

Texto José Serrano

 

Que Alentejo é este o seu, que podemos contemplar nas telas que agora apresenta?

O meu trabalho aquarelístico veio no fundo colmatar a exigência do trabalho de banda desenhada e introduzir uma área mais fácil de trabalhar as aguarelas, com referências fotográficas ou não. Queria desenhar localidades no estilo do Oriente, onde tomei conhecimento das potencialidades desse género de pintura, com muita cor e delineados a tinta, descobrindo a emotividade que este método desperta, ao visualizar-se. Conheço o Alentejo desde que vivo em Odivelas, há 14 anos. Quotidianamente regresso às tintas, depois de, todas as manhãs, me deslocar ao café da aldeia para começar o meu dia – e desenvolvi uma serie de ilustrações que vou colocando on line e que atraiu uma série de autores conceituados que admiraram o meu trabalho. Meses depois de ter aqui chegado, conheci o Paulo Monteiro, responsável pela Bedeteca de Beja, que expôs duas pranchas da minha autoria. Depois surgiu a oportunidade de editar pela Madpublishing o Liliana Maia Stories e a história “Contacto” pela Zone Komics, a par de edições que fazia na editora Lulu. O meu estilo, que desenvolvi posteriormente à realização das minhas bandas desenhadas, é um estilo de perceção imediata do lugar e que, pelo seu colorido e linha, vão ao encontro da técnica utilizada por muitos ilustradores orientais, utilizando a aguarela e a tinta como suporte da forma.

 

Quais as principais características deste território que a estimulam a pintá-lo?

Aqui, em Odivelas, no Alentejo, vivo num ambiente muito sossegado, onde o tempo parece não passar, onde só se ouvem os sons dos pássaros e um pequeno ruido da EN2. Ao nível cultural, esta aldeia é muito pobre, mas a 12 quilómetros de distância, a Biblioteca de Ferreira do Alentejo dinamiza esta área, com bastantes iniciativas. É claro que aos fins de semana tenho tempo para sair e descobrir o Alentejo – Évora, Beja e arredores –, onde tiro fotografias, para posteriormente trabalhar em estúdio.

 

Pintar é, também, uma forma de viajar e de dar a conhecer o património desta região?

Sem dúvida. Gosto de sair, para conhecer melhor o território. Visito Beja, com a sua torre de menagem, e Évora, com as suas ruas históricas, com as suas lindas muralhas e restaurantes, onde se come bastante bem. Também gosto de viajar pela Costa Vicentina e retratar lugares como Porto Covo, Melides ou Sines.

 

Qual a principal “recompensa” que o público que visita esta exposição lhe pode dar?

Agrada-me que o público se interesse em ver o meu trabalho, em ficar a conhecer melhor aquilo que retrato artisticamente, e se identifique, consciente ou inconscientemente, com o colorido e os elementos que apresento.

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