Diário do Alentejo

“Haja vagar para se conhecer o Alentejo”

25 de dezembro 2022 - 11:00
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Jerónimo Heitor Carvalho tem 57 anos e é natural de Vila Nova da Baronia. O seu trabalho fotográfico tem merecido distinções nacionais e internacionais. Em 2010 foi-lhe atribuído o título de Master QEP (Qualified European Photographer). Em 2019, a Associação Portuguesa de Profissionais de Imagem atribuiu-lhe o título de “Triplo Mestre Fotógrafo”. Em 2015, a Academia Internacional de Gastronomia, reunida em Paris, concedeu-lhe o “Prix de la Littérature Gastronomique”, pelo livro Comer em Évora. Em 2021 recebeu a distinção de Fotógrafo do Ano. Atualmente desenvolve o seu trabalho nas áreas da fotografia de retrato, comercial, documental e industrial. Foi recentemente apresentado, em Alvito, o novo livro do fotógrafo Jerónimo Heitor Coelho, intitulado Adegas do Alentejo 2.

 

Texto José Serrano

 

Qual a principal essência que procurou agregar no conjunto de fotografias que constituem esta obra?Nesta obra, à semelhança da anterior, procurei enobrecer as adegas que a integram, divulgando a arquitetura e o interior das suas instalações, as pessoas que nela trabalham, a natureza envolvente, os processos de produção e os respetivos vinhos. Pretendi ir ao encontro da essência alentejana, nas suas terras e gentes, em cada um dos produtores e nos seus métodos de produção. Fazer justiça ao vinho da Região Alentejo, ator principal deste livro, elevando a sua imagem, através deste trabalho fotográfico, foi o meu grande objetivo.

 

Procuram as imagens deste livro juntar o património natural e arquitetónico e as gentes deste território, como se de um indivisível se tratasse?Esses aspetos não deverão ser dissociados, porque, não obstante, a especificidade e o carácter de cada vinho e de cada adega, existe um forte enquadramento entre estes elementos, para que se construa a imagem que cada um transmite, que é única e irrepetível.

 

Proceder ao levantamento fotográfico de elementos identitários de uma região constitui-se como um desafio, documental e criativo, acrescido?A preocupação em deixar um legado às futuras gerações, o mais fiel possível, que identifique a região alentejana e as respetivas adegas, em que o vinho é um dos grandes símbolos da sua cultura e tradição, não é apenas um desafio, é uma grande responsabilidade.

 

Qual a história por detrás de uma fotografia deste livro, que mais o pode representar?Histórias haveria imensas para contar… nas mais de 12 mil fotografias que fiz para este livro e que deram origem às 498 que selecionei, para nele figurarem, não faltam simbolismos para o representar. Mas posso dizer que a fotografia da capa é a que melhor o representa, porque, com apenas uma talha e um processo criativo, consegue num contexto minimalista, representar todos os produtores, com a isenção que se impõe. A história desta capa é muito interessante, mas é um segredo que não irei revelar, até para alimentar a imaginação dos leitores…

 

O que mais gostaria que se contemplasse e refletisse, através desta sua obra?Gostaria que as futuras gerações conhecessem esta vertente da cultura alentejana e que, com este livro, haja vontade de viajar até ao Alentejo, ir à adega provar o vinho e desfrutar de uma imensidão de opções, a aproveitar em cada um dos produtores. Um dos aspetos que julgo ter conseguido transmitir com este livro é o de que, atualmente, uma adega é muito mais do que um lugar onde se provam vinhos de qualidade – são um lugar idílico, onde se pode aproveitar o que de melhor reúne o Alentejo, orquestrando a beleza da natureza, a gastronomia, os vinhos, a estadia e o lazer. Haja vagar para degustar este livro e vir conhecer o Alentejo.

 

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