Diário do Alentejo

“Existem causas a que não devemos ser indiferentes”

28 de outubro 2022 - 13:00
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Fernando Pardal tem 60 anos e é natural de Beja. Foi desde muito cedo que se conectou à música, contudo não assume uma carreira, mas um percurso. Na década de 80, embora tendo como referência a nível nacional o cantautor José Afonso, integrou o grupo bejense de pop/rock Ex Oriente Lux.

 

Em 1998 edita o seu primeiro CD de originais intitulado “Alentejo”, com o carimbo da Farol. Em 2000, e sob o selo da extinta Lemon Records, edita “À Margem da História”. Em 2015 sai à rua com “Contágios”, uma edição de autor. Em 2019 edita “Seven – Sete Mulheres, Sete Canções”.

 

Recentemente tornou-se o autor da letra e música do Hino Pirilampo Mágico 2022, campanha que pretende informar e sensibilizar a opinião sobre a problemática de pessoas com deficiência intelectual ou multideficiência e angariar fundos em favor das Cerci – Cooperativas para a Educação, Reabilitação, Capacitação e Inclusão.

 

Texto José Serrano

 

Suponho que assinar este hino seja uma honra…

Uma honra é fazer o bem, escutar os outros, sermos tolerantes, compreensivos e não olhar ninguém de cima para baixo. Uma honra é tu estares à altura de todos os outros, porque somos todos do mesmo tamanho, carregados de defeitos e virtudes. Uma honra é ser solidário, banindo, de uma vez por todas, a caridadezinha. Respect!

 

Como surgiu a oportunidade de criar esta canção solidária?

A ideia partiu de mim. Falei, em maio, com o Luís Vieira, Delegado Regional da Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social da Zona Sul e funcionário da Cercibeja, que concordou com o que lhe estava a propor. Posteriormente, falei com o Eduardo Espinho, com quem já andava a fazer música, e disse-lhe o que pretendia. Daí ao resto foi um ai – o Eduardo é um músico excelente e entende muito bem a minha linguagem. Foi o responsável pelos arranjos, guitarras, produção… e chegámos, com muito orgulho, ao produto final.

 

Está, nesta sua canção, rodeado de músicos conhecidos. Esta solidariedade que se verifica no hino pretende ser um incentivo ao altruísmo de cada um de nós?

O altruísmo está na formação de cada um, embora admita que possa ser estimulado. Existem causas a que não devemos ser indiferentes – há assuntos que são de extrema importância e que requerem a nossa colaboração e solidariedade. No entanto, há um papel importante do Estado, mas fico sempre com a sensação que se poderia fazer muito mais. Estas instituições, que desempenham uma função digna na sua dedicação para com os jovens e adultos com a problemática da deficiência intelectual ou multideficiência, não podem andar com a corda ao pescoço! Fizeram parte desta música o Luís Delgado (bateria), o Nuno Espírito Santo (baixo) e o Rui Almeida (teclas) e um grupo de belas e diferentes vozes – António Manuel Ribeiro, Buba Espinho, Celina da Piedade, Eduardo Espinho, Jorge Benvinda, Raquel Tavares, Tim e eu.

 

Em 2009 assinou, pela primeira vez, o hino desta campanha. A inspiração que presidiu à criação desta duas músicas, com 13 anos de diferença, foi a mesma?

A inspiração vive muito do momento, do teu estado de espírito, do emocional, de determinado contexto. Seguramente que a inspiração que presidiu ao hino de 2009 não foi a mesma que presidiu ao de 2022. Há 13 anos, fazia eu parte de uma outra vida e tinha formas diferentes de a observar.

 

Boas razões para levar para casa um Pirilampo Mágico…

O bonequinho é mesmo engraçado; é azul, do FC Porto, mas o que é que se vai fazer…; é um bibelot atrativo para qualquer estante; custa dois euros; já tem 35 anos de idade; é a imagem de uma causa que não pode ser esquecida; só temos de ser solidários.

 

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