Diário do Alentejo

“As pessoas com doença mental são alvo de preconceito e discriminação”

15 de dezembro 2021 - 14:30

Mariana Duarte Mangas nasceu em Vieira do Minho, Braga, tem 40 anos e é bióloga, mestre em biologia celular, especialista em Psiquiatria e médica interna na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo. Fascinada pela miraculosa mente humana, a escolha pela especialidade da Psiquiatria foi inata. Ao longo do seu percurso profissional como psiquiatra, realizou vários trabalhos na área da literacia na saúde mental. É também autora do blog “Saúde Mental para Todos”, uma página dedicada a melhorar a literacia em saúde mental e a combater o estigma da doença mental.

 

Recentemente, publicou o livro “Não há mal que sempre dure”, que aborda a saúde mental de forma simples, sendo dirigido, transversalmente, a pequenos e graúdos. O livro, que pode ser encomendado em www.edicoesafrontamento.pt, tem a certificação do Programa Nacional para a Saúde Mental.

 

É este um livro dirigido à comunidade dos profissionais de saúde ou o público a que pretende chegar é mais abrangente?

O livro “Não há mal que sempre dure” é dirigido à população geral. Foi escrito para jovens e adultos, com textos e ilustrações que incentivam à leitura, havendo uma particular atenção com a população jovem, uma vez que as doenças mentais surgem frequentemente durante a adolescência.

 

Indicia o título deste livro, “Não há mal que sempre dure”, a urgência de se empreender uma atitude positiva, face à doença mental?

Sim, a mensagem que se pretende passar é de otimismo. O diagnóstico de uma doença mental não é uma sentença – as doenças mentais têm tratamento e as pessoas com perturbações mentais, com o tratamento adequado, têm uma vida com qualidade, apesar da doença.

 

Que outras mensagens pretende esta obra levar a quem a ler?

Com este livro pretendo, de uma forma lúdica e descontraída, partilhar informação sobre saúde mental, para que os jovens cresçam mais informados, de forma a reconhecerem, gerirem e prevenirem a doença mental. O livro tem também o objetivo de elucidar sobre estratégias de autoajuda e orientar para ajuda especializada. Pretende ainda cravar um prego no estigma à doença mental.

 

Considera que a doença mental é ainda entendida nas sociedades contemporâneas como uma doença “à parte”, transportando preconceitos na sua discussão?

Ter uma doença mental não é o mesmo que ter um braço partido ou hipertensão arterial – isto acontece porque a doença mental continua a ser estigmatizada e as pessoas com doença mental são alvo de preconceito e discriminação. A sociedade contemporânea continua a pensar nas pessoas com doença mental como as “outras”, quando todos nós (diria que sem exceção) já sentimos dificuldades relacionadas com a nossa saúde mental. Sabemos ainda que em Portugal uma em cinco pessoas sofre de doença mental.

 

Comentários