Diário do Alentejo

Igualdade de género: estamos longe de poder cruzar os braços
Opinião

Igualdade de género: estamos longe de poder cruzar os braços

Sofia Colares Alves, representante da Comissão Europeia em Portugal

18 de dezembro 2019 - 15:50

Apesar de estarem decididamente na linha da frente na defesa da igualdade de género, a União Europeia (UE) e Portugal têm ainda um longo caminho a percorrer. As mulheres recebem menos e ocupam menos cargos de liderança. Se for preciso ficar em casa a cuidar de filhos ou netos, na esmagadora maioria das vezes é a mulher que desempenha esse papel. Falta completar uma União sem discriminação de género.

Na União Europeia e em Portugal a assimetria salarial entre os homens e as mulheres que exercem as mesmas funções é de 16 por cento, o que, na prática, significa que as mulheres recebem menos 16 cêntimos por hora, menos 160 euros por mês e menos 1920 euros por ano. Outros números são igualmente preocupantes: na EU, apenas 28 por cento dos ministros são mulheres e, em Portugal, 33 por cento. Na EU, apenas 29 por cento dos deputados são mulheres e, em Portugal, 35 por cento. Na UE, apenas 25 por cento dos quadros das maiores empresas são compostos por mulheres e, em Portugal, 16 por cento.

 

Para fazer face a estes desafios, a União Europeia definiu, em 2016, o Compromisso Estratégico para a Igualdade de Género, que permanece em vigor até ao final de 2019. Mais recentemente, a presidente da nova Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a sua Estratégia Europeia para as Questões de Género, fundamentada nos seguintes princípios: consagrar a igualdade salarial entre homens e mulheres; introduzir medidas vinculativas em matéria de transparência remuneratória; estabelecer quotas para a paridade entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas – através da Diretiva Mulheres em Conselhos de Administração; acrescentar violência contra as mulheres à lista de crimes da UE; e prevenir a violência doméstica, proteger as vítimas e punir os agressores.

 

Nas suas próprias palavras, a presidente da Comissão Europeia está plenamente determinada em assegurar a igualdade de género por toda a Europa até ao final do seu mandato (2024), a começar pela Comissão Europeia. No discurso de apresentação do seu colégio de comissários, que é o mais paritário até à data, afirmou convictamente: “Até ao final do meu mandato teremos igualdade de género, a todos os níveis, na Comissão Europeia”. Anteveem-se, portanto, progressos significativos. No entanto, estamos longe de poder cruzar os braços e descansar. Se queremos realmente uma União mais igualitária e mais justa temos de pôr mãos à obra e trabalhar!

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