Diário do Alentejo

Desportivamente: “Pega Azul”!
Opinião

Desportivamente: “Pega Azul”!

José Saúde

13 de abril 2024 - 12:00

A infinidade do tempo conduz-nos a realidades desportivas que merecem do escriba uma explanação de temáticas sobre as suas verídicas e cansativas investigações que ousa trazer a público, onde o saber, que nunca ocupa lugar, recai na expressiva curiosidade doutras eras.

O Despertar Sporting Clube, fundado a 24 de junho de 1920, atrás do Luso Sporting Clube (16 de junho de 1916), é uma das coletividades regionais com histórias substancialmente encantadoras.

Comecemos pela sigla. Sabe-se que, aquando a sua criação, existiu um braço de ferro entre os associados que, entretanto, se dividiram nas suas opções, sendo que uns pretendiam que a novel agremiação se chamasse Despertar Sporting Clube, outros defendiam o nome de Despertar Benfica Clube.

Aconteceu, porém, que naquela que terá sido a primeira assembleia-geral, a maioria eram adeptos do Sporting e a sua escolha triunfou. Mas, para que as partes desavindas ficassem conformadas com a designação da coletividade, eis que no alto do emblema por lá ficou uma águia que simboliza a união dos seguidores ao emblemático clube da Luz.

É de todo justo sublinhar que o primeiro presidente do Despertar foi Manuel Gonçalves Peladinho. Viajemos, com verdadeira propriedade, pelos primórdios do velhinho “Rasga”.

Tudo começou quando um grupo de jovens de idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos que atuavam, à época, nos grupos populares o Libertário e o Infantil, resolveram juntar-se e formar um clube. Desvendando esses estreitos trilhos, sabe-se que os rapazes se reuniam sob a luz ténue de um candeeiro a petróleo que iluminava, à noite, a via pública, lá para as bandas onde hoje se localiza a rua Fialho de Almeida, em Beja, e junto a uma estalagem que dava pelo nome de Bárbara Meneses.

Curioso foi a mística lançada nas hostes em que a plebe alcunhou o grémio como “Rasga”, um veredito motivado pela avalanche de pessoal operário que envergava a sua camisola.

Diz-nos, ainda, o seu valoroso passado que a primeira sede foi numa vacaria localizada na rua Freire Amador Arraiais, propriedade de um lavrador chamado Manuel Agostinho Dias. As instalações eram imundas, o que granjeou comentários da plebe da bola apelidando o local como o sítio da “Pega Azul”. A ação desportiva do Despertar foi sempre marcada pelo ecletismo.

Estatutariamente só o boxe é uma modalidade que jamais entrou no seu painel de avaliações, onde, por outro lado, a competição, e, sobretudo, a formação, fora algo que lhe trouxe valores, alguns, quiçá, monetários, que deram uma outra dimensão.

O evolutivo processo de infraestruturas, físicas e humanas, é real e do seu leque de existência prevalece a indeclinável certeza de que existem memórias que jamais serão esquecidas. Desportivamente: “Pega Azul”!

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