Diário do Alentejo

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Opinião

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Vítor Encarnação, professor

05 de janeiro 2024 - 08:00

Conheço uma mulher que sabe sempre fazer contas à vida, mesmo na dúvida da resposta ela consegue sistematizar as componentes da questão com vista a encontrar uma solução, multiplicando a racionalidade, adicionando emoções, raramente subtraindo o que vale a pena, nunca dividindo sem razão, às vezes com dor, às vezes com receio, mas sempre com coragem, sempre vertical, coerente, afirmativa, intensa, íntegra.

Conheço uma mulher que sabe usar números como quem usa chaves para abrir caminhos e futuros e ensina coordenadas que permitem a localização do conhecimento.

Esta mulher ocupa o lugar onde está, preenche-o, não está por estar, assume o valor da presença ativa, não vira as costas, não se submete, não se cala quando a palavra é necessária, nada diz quando se pede silêncio. No dicionário das relações humanas esta mulher significa amizade, confiança, respeito, carinho, ternura.

Conheço uma mulher que matou a morte, a morte aproximou-se, a morte veio no sangue que jorrava do seu ventre, a morte estava determinada a levá-la consigo, mas a mulher olhou a morte nos olhos fundos e negros e disse-lhe que ainda era cedo, muito cedo, ainda havia muita vida para viver.

E lentamente a morte desistiu e foi-se embora. Quem ao mesmo tempo põe três vidas neste mundo é sempre mais forte do que a morte. Conheço uma mulher que me ensinou a importância da lógica, eu que só conheço palavras irracionais e regras de três simples. Conheço uma mulher que tem um nome bonito, o seu nome é um abraço só de o ouvirmos. 

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