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Manuel Reis | Membro da Dorbe - Direção da Organização Regional de Beja do PCP

13 de outubro 2023 - 11:20

Numa região tão grande e num país tão pequeno governados com opções de políticas de direita há tantas décadas, ora pela mão do PS, ora pela mão do PSD/CDS, e hoje alguns dos que sempre lá estiveram e agora são sucedâneos organizados quer na IL como no Chega, o que podemos esperar?

Mas antes convém relembrar o estado em que este país tão pequeno e esta região imensa se encontram passados 50 anos do 25 de Abril de 1974, que todos acreditaram mudar as suas vidas, designadamente, os que sempre foram mais desfavorecidos, mais pobres e que eram a esmagadora maioria da nossa população.

Como é óbvio, não caberia num texto como este tal descrição, nem a tal me proporia.

Temos um Serviço Nacional de Saúde e, nele, profissionais que dão o seu melhor e fazem do nosso SNS um exemplo. Mas, as opções políticas de direita continuam apostadas em acabar com ele tal como foi concebido e assim não temos médicos de famílias para mais de um milhão de portugueses, serviços incapazes de garantir o direito à saúde na generalidade das respostas necessárias, como consultas, equipamentos, falta de profissionais e o excesso de trabalho e cansaço, o entregar cerca de metade do orçamento da saúde aos privados, levando, se não forem travadas estas opções, a termos a prazo um servicinho nacional de saúde só para pobres e de muito fraca capacidade.

Na habitação temos uma das piores situações, em que as pessoas já têm de optar entre pagar a prestação ao banco ou ao senhorio ou comprar o que precisam para comer durante o mês.

Os salários continuam tão baixos que quem trabalha já é pobre e sobrevive em vez de viver.

As pensões acompanham os baixos salários e para uma grande maioria de reformados ou pensionistas não dá para praticamente nada que se possa dizer a quem trabalhou uma vida inteira que merecia viver o resto da vida com alguma dignidade.

A educação está um desastre, quer para os profissionais, quer para os alunos e as famílias, mantendo-se os mesmos problemas e a mesma falta de respostas de sempre, revelando que, após tantos anos e tantas experiências, não querem, porque é disso que se trata, resolver e assumir uma educação e um sistema educativo capaz de ser uma mais-valia na formação da nossa juventude e uma aposta séria no desenvolvimento de um país tão pequeno. Tal como na saúde, as opções das políticas de direita querem um ensino cada vez mais para pobres e outro cada vez mais para ricos, em vez de um verdadeiro ensino de acesso igual e transversal para todos e gratuito. Como na saúde, os privados vão ganhando espaço e domínio.

Os problemas e a falta de decisões e solução por parte do(s) governo(s) para a região, agora no que respeita ao distrito, são igualmente uma negra evidência das demais opções centrais. O chamado IP8 com promessas, mais uma vez, e vamos lá a ver se o é, continua esperando por melhores dias, e nós desesperando. O que já sabemos é que foi abandonado o projeto estruturante de ligação à fronteira espanhola como IP em quatro faixas e sem portagens, e teremos, na melhor das hipóteses (e já lá vão tantos anos), uma estrada(zinha) amanhada de alcatrão e apenas em alguns troços. Quanto à linha férrea, a sua eletrificação e ligação direta Beja/Lisboa, a mesma situação, ou talvez pior, pois soubemos que o investimento previsto para ferrovia no plano nacional terá sofrido um corte de quase metade. Será que, com tanto “azar” que temos, esta previsão chega aqui? Soube-se esta semana que o hospital de Serpa irá encerrar por tempo indeterminado. Razões? Vão aparecer certamente, mas o problema está aí e, como sempre muitos disseram, esta não era a solução e vai-se esperando e vendo como as coisas estão e nada. Como disse o ministro da Saúde numa visita relâmpago que fez ao distrito recentemente, é esperar que termine o prazo da concessão e depois vê-se. Pois é isso mesmo, esperar, esperar, até parece sina dos alentejanos.

 

O aeroporto lá vai indo e, graças ao Sporting, foi falado nas televisões e rádios, e parece que o serviço de jatos privados está a melhorar!

Para não parecer injusto, devo referir o anúncio também esta semana de um grande investimento em Sines que até é maior do que o da Autoeuropa. Mas como de anúncios percebemos nós, vamos esperar que algum seja cumprido.

Como referi no início, o que podemos esperar dos mesmos e das mesmas opções de sempre desde o 25 de Abril, para não irmos mais para trás, é claro?

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