A oposição CDU na Câmara de Beja alertou para a "falta de manutenção" de estradas municipais no concelho e acusou a maioria PS do executivo de "falta de visão" e de não responder aos problemas em acessibilidades. Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, reconheceu que "há muitas estradas em muito mau estado no concelho", frisou que o executivo está "atento" e a "intervir" e disse que "as acusações não fazem sentido e servem apenas para a CDU dar sinal de vida".
Em comunicado enviado à agência Lusa, os três vereadores da CDU apontam a Estrada Municipal (EM) 511, que se degradou "profundamente nos últimos dois anos" e está num "adiantado estado de deterioração", que torna "extremamente difícil a circulação em condições de segurança”. No entanto, frisam, "a necessidade de intervenção" a nível de acessibilidades "verifica-se um pouco por todo o concelho e por toda a cidade de Beja" e há ruas e caminhos rurais em freguesias que "apresentam níveis elevados de degradação, representando um perigo real" para residentes e outros utilizadores.
"Não obstante as inúmeras solicitações dos executivos das juntas de freguesia para uma intervenção atempada, adequada e eficaz, o assunto continua a não ter resposta por parte da maioria socialista na Câmara de Beja", criticam, dizendo ainda que "o mote 'Fazer diferente, Fazer Melhor', apregoado" pelo executivo de maioria PS da autarquia "no início do mandato, não tem correspondência na realidade que está à vista de todos".
Segundo a oposição CDU, "quem utiliza diariamente" a EM511, que liga a cidade de Beja às aldeias de Cabeça Gorda, Salvada e Quintos, "facilmente percebe que a solução não se coaduna com intervenções de reparação de troços, como afirma" a maioria PS que lidera o executivo municipal.
"Esta proposta do executivo revela uma gritante falta de visão estratégica no que diz respeito às acessibilidades", acusam os vereadores da CDU, referindo que a maioria PS, "ao invocar questões financeiras, afirmando que a câmara não tem 'orçamentado um valor muito avultado' para o arranjo integral" da EM511 "parece querer fazer tábua rasa das condições criadas pelo anterior executivo" liderado pela CDU "com a aquisição de uma central de massas asfálticas a quente".
Os vereadores comunistas acusam também o executivo PS de parecer "querer fazer tábua rasa" de "todo um conjunto de equipamentos adquiridos por anteriores executivos que tinham resposta à altura numa equipa de operacionais motivados para dar resposta às necessidades" na área das acessibilidades.
Paulo Arsénio diz que o executivo PS, "em matéria de estradas, está muito à vontade para falar, sabendo que há muitas estradas em muito mau estado no concelho”. "Assumimo-lo, sabemo-lo e dizemo-lo, mas também é verdade que nenhum dos últimos executivos interveio em tantos quilómetros de estrada como nós nos dois primeiros anos de mandato".
O autarca acrescenta que o executivo, "sensivelmente oito meses" após o início do mandato, apresentou um plano de intervenções em 19 estradas do concelho para ser executado em dois anos e que resultou de um trabalho feito por engenheiros do município no terreno e teve em conta as vias "em pior estado”. "Já concluímos as intervenções em 11 das 19 estradas", disse, referindo que "o plano não é uma bíblia", das 19 estradas "haverá uma ou duas" em que o executivo "não conseguirá intervir", mas "há outras que não estão no plano e já foram intervencionadas".
"Reconhecemos [executivo PS] que é um assunto grave, mas nunca paramos de investir em estradas. Estamos atentos e nunca dissemos que iríamos fazer tudo em quatro anos, porque é impossível, devido ao estado de degradação das estradas do concelho", disse Paulo Arsénio.
O atual executivo, "em quatro anos, não conseguirá recuperar todas as estradas em mau estado, porque é necessário muito mais tempo", disse, frisando que "também é bom saber porque as estradas do concelho chegaram ao mau estado em que estão”. "Se calhar porque nos quase 40 anos de CDU na Câmara de Beja não houve manutenção das estradas do concelho e vias da cidade", disse o autarca, rematando: "A memória muitas vezes é curta".