Diário do Alentejo

“Fragile Igloo”, o novo trabalho de Midnight Ambassador

04 de fevereiro 2020 - 10:00

Estudou piano, percussão, saxofone e composição no Conservatório Regional do Baixo Alentejo, em Beja. Terminado o ensino médio, cursou Composição Musical e Tecnologias para Filmes e Jogos, na Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido. Em 2018 lançou o seu primeiro EP, “Midnight Ambassador”, do qual o single “Fools” rapidamente chamou a atenção da instituição de saúde mental britânica SANE e de Pete Eliot, realizador de uma série documental nomeada para os Mind Media Awards de 2019.

 

Texto José Serrano

 

“Fragile Igloo”, previsto ser publicado brevemente e dos quais já foram lançados três singles, é o segundo EP de originais de André Graça, depois de, em 2018, se ter estreado com “Midnight Ambassador”, pseudónimo deste compositor e músico bejense. Com uma sonoridade que conjuga a pop, o hip-hop e o rhythm and blues, Midnight Ambassador tem atuado em festivais internacionais de música como Camden Rocks Festival, Indie Week UK ou Canadian Music Week.

 

 

Escreve músicas, diz, “como se fossem episódios de televisão”. A que série poderemos assistir neste “Fragile Igloo”?

O meu primeiro EP serviu como processo de introspeção acerca da minha identidade, como pessoa e como músico. Neste segundo EP começo a abordar histórias exteriores a mim. O tema da saudade, da casa, das referências emocionais que tive de deixar para trás para seguir o meu sonho. Também me debruço sobre o processo de mudar para outros países e conto histórias acerca desse período da minha vida. Falo de uma casa que não está completa, uma casa frágil, um iglô.

 

“All My Love” é o terceiro single deste trabalho. Num mundo sempre conturbado, o amor parece sempre resistir como inspiração...

Amar é, na vida, a base de tudo. O meu avô ensinou-me algo sem nunca o ter dito diretamente: quando ele conheceu a minha avó ficou apaixonado e até ao final da vida demonstrou-o com palavras e ações. Mesmo nos momentos difíceis em que o mundo parecia estar do avesso ele sentia que, estando perto dela, estava tudo bem. Eu sinto o mesmo pela música. Acho que tudo se torna mais fácil se estivermos abertos a amar.

 

A sua música é já “um caso sério” de notoriedade internacional. Qual a sensação desta conquista, de alguém que começou a carreira no Conservatório Regional do Baixo Alentejo?

Cada passo, por pequeno que seja, é uma vitória. A beleza está nas pequenas conquistas que um dia nos podem levar a um triunfo maior. Adoro ter a oportunidade de tocar, produzir e trabalhar com novas pessoas, amar o que faço é a parte mais importante. Ter tido a possibilidade de percorrer este caminho e, em dois anos, alcançar tudo o que já me foi possível alcançar é algo a que ficarei eternamente grato. E o conservatório de Beja será sempre para mim uma segunda casa, guardo dele as minhas melhores memórias.

 

Vive atualmente em Londres. Essa experiência de “ter mundo” é fundamental para o desenvolvimento criativo?

Beja é a minha casa mãe, mas viver em Londres tem imensas vantagens, do ponto de vista criativo. Há imensos estúdios, produtores, imensa diversidade. É um vasto mundo que existe e sinto-me grato por ter a possibilidade de o poder explorar. Mas Portugal é casa. Estar longe da família e dos amigos é sempre difícil, faz-me falta a amabilidade do Alentejo, a nossa comida, o sol e as praias. Neste ano tenho de regressar no verão, já há dois anos que não vou à praia, acho que a minha biologia portuguesa não aguenta isto!

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