Diário do Alentejo

Moura com melhor execução de projetos cofinanciados pelo Alentejo 2020

24 de março 2024 - 12:00
Foram executados investimentos no montante de 4 690 090 eurosFoto| Ricardo Zambujo

O novo Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura, que deverá ser inaugurado em breve, a conservação das igrejas de São João Batista, na cidade de Moura, e de Santo Aleixo da Restauração, ambas classificadas como monumento nacional, e a requalificação da torre do Relógio de Amareleja são alguns dos projetos executados no âmbito do Alentejo 2020.

 

Texto Nélia PedrosaFoto Ricardo Zambujo 

Moura foi o município que, no quadro da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal), registou “a melhor taxa de execução” ao nível dos projetos integrados no ITI – Investimento Territorial Integrado e cofinanciados pelo Programa Operacional Regional Alentejo 2020.

De acordo com a câmara municipal, o investimento inicialmente previsto era de 2 956 472 euros, mas acabaram por ser executados investimentos no montante de 4 690 090 euros. Para este resultado, adianta a autarquia, contribuíram vários projetos concretizados no concelho, com destaque para o Centro Escolar dos Bombeiros Voluntários de Moura, que deverá ser inaugurado em breve; para a conservação da igreja de São Joao Batista, na cidade de Moura, e da igreja de Santo Aleixo da Restauração, ambas classificadas como monumento nacional e cujas obras terminaram, respetivamente, em fevereiro e agosto de 2023; e para a requalificação da torre do Relógio de Amareleja, reaberta no final de 2019.

Álvaro Azedo, presidente da autarquia, em declarações ao “Diário do Alentejo”, sublinha que, ao contrário do que é habitual, o atual executivo, em funções desde 2017, decidiu “dar continuidade ao trabalho de quem” o antecedeu e “melhorar o caminho”, acrescentando “valor”, e “essa forma diferente de fazer política” acabou por resultar “no trabalho que está à vista”. “Normalmente destrói-se o que vem do passado e perde-se muito tempo com esse tipo de exercícios. O que nós fizemos foi dar seguimento àquilo que, de facto, importava dar, portanto, revemos projetos e melhorámos o caminho e é esta forma diferente de pensar que nos tem levado a conseguir cumprir os objetivos”, reforça o autarca, frisado que “é com satisfação” que olham para os resultados.

Em relação aos projetos destacados, Álvaro Azedo frisa que o Centro Escolar dos Bombeiros de Moura, que “é um projeto pesado, grande, iniciado em 2018”, está a criar “muita expectativa na comunidade escolar”, assim como na restante população, e que no que respeita à conservação das duas igrejas “houve um grande entendimento” entre a autarquia, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças, a Direção Regional de Cultura do Alentejo e a Igreja. “Estamos a falar de duas igrejas que são património nacional e que, até então, quer o município de Moura, quer o próprio Estado, nunca tinham dado a devida atenção a estas duas peças do nosso património e como, obviamente, Lisboa está muito distante de tudo em relação a nós, quem vive em Moura e em Santo Aleixo é que entrava todos os dias nas suas igrejas e via-as no estado em que elas se encontravam. Hoje, estas duas obras extraordinárias dão uma imagem digna não só de Moura e de Santo Aleixo, mas do concelho de Moura”. A requalificação da torre do Relógio de Amareleja é o exemplo de um projeto “que já vinha do passado” e que foi melhorado com os contributos da população. “Obviamente é mais um motivo de grande satisfação e mais uma obra ao serviço da população”, refere Alvaro Azedo, garantindo que com o programa Alentejo 2030 irá existir “o mesmo nível de exigência e de empenhamento”.

O Centro Escolar dos Bombeiros de Moura, cujas obras tiveram início em janeiro de 2022, irá albergar “cerca de 220 alunos”, divididos “por oito turmas do 1.º ciclo e dois grupos do pré-escolar”, adianta o diretor do Agrupamento de Escola de Moura, Rui Oliveira, sublinhando que o novo centro escolar, que integra a primeira fase de renovação da rede escolar da cidade, representa “uma melhoria significativa das condições dos alunos e professores”, o que possibilitará a criação “de novas oportunidades para os alunos”. “É uma mais-valia considerável para nós, pelo menos é isso que se espera”, conclui.

O presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra da Diocese de Beja frisa, por sua vez, que o facto de as igrejas de São João Batista e de Santo Aleixo da Restauração estarem classificadas como monumentos nacionais, para além “do peso que têm, em particular para a comunidade cristã”, acabam por ter relevância em termos nacionais. “Temos consciência de que este trabalho de recuperação beneficia a comunidade mas também é um fator muito importante para o turismo, porque muito do turismo que nos procura tem uma sensibilidade cultural grande e, por isso, procura visitar este património”, reforça o padre Manuel António do Rosário, considerando, assim, “fundamental” que se criem “parcerias” – “só é possível a recuperação quando há um trabalho de parceria” – que permitam “não só fazer obras, não só garantir o culto, mas garantir também que todo este património possa ser usufruído pelos turistas que nos procuram, e acho que esse é um trabalho que ainda podemos melhorar”. “Só tem sentido se o património, mesmo aquele que é pertença da Igreja, estiver ao serviço da comunidade, creio que isso é inegável”, refere ainda, salientando que ao nível da conservação de igrejas “ainda há muito a fazer” (caixa), e, no caso de Moura, a “recuperação do santuário de Nossa Senhora do Carmo é um projeto que a paróquia também gostaria de levar para a frente”.

 

Intervenções prioritárias na diocese de BejaNo âmbito do trabalho de recuperação do património religioso da diocese de Beja, o presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra destaca como prioritário o restauro da igreja de Santa Maria da Feira, na cidade de Beja, “uma igreja que tem o melhor património da cidade de Beja em termos das igrejas” e que acolhe “uma peça excecional”, “das mais monumentais que temos no País, fora do comum”, um altar de oito metros denominado “Árvore de Jessé”. Para além disso, tem “uma capela gótica que está entaipada”.

“Gostaríamos que este projeto de recuperação pudesse avançar. Neste momento está-se a fazer um estudo prévio para se poder avançar com uma candidatura logo que haja avisos que o permitam”. Outra das igrejas a necessitar de intervenção prioritária é a de Santa Cruz, no concelho de Almodôvar, diz o padre Manuel António do Rosário. “Para já gostaríamos de avançar com estas, mas há outros projetos, sempre em diálogo com as câmaras municipais e com as juntas de freguesia”.

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