Diário do Alentejo

PSD critica monopartidarismo da CCDR Alentejo

06 de outubro 2023 - 14:20
Gonçalo Valente pede “eleições antecipadas” para o organismo
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Os líderes regionais de Beja e Évora do PSD estão contra o facto de a CCDR do Alentejo “ser a única do País a funcionar em regime de partido único”. O PS desvaloriza a questão e o PCP diz que a sua luta é pela regionalização.

 

TEXTO ANÍBAL FERNANDES

Gonçalo Valente, presidente da distrital de Beja do PSD, considera que o atual momento vivido na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo é “um caso de sobranceria e poder absoluto”, uma vez que a direção daquele organismo é integrada apenas por militantes socialistas.

Este assunto foi inicialmente lançado, na semana passada, pelo seu companheiro de partido e presidente da distrital de Évora, Francisco Figueira, que, em declarações à comunicação social, defendeu que existem outros “partidos, na região, que gerem autarquias e têm representatividade”, que não está espelhada na CCDR do Alentejo.

O dirigente partidário disse ainda que “é a primeira vez na história deste organismo regional em que não há um quadro interno de democraticidade, estando entregue a um único partido”. Gonçalo Valente, em declarações ao “Diário do Alentejo”, afina pelo mesmo diapasão, considerando que é um caso “de falta de respeito pela representatividade”.

A questão surge agora, porque estará para breve a nomeação de mais dois vice-presidentes, na sequência do assumir das competências, por parte deste organismo, até agora atribuídos às direções regionais de Cultura e Agricultura. Francisco Figueira – que neste momento desempenha funções de assessor do grupo parlamentar do PSD – queixa-se de o PS se “mostrar avesso” a partilhar “alguns poderes” a nível regional, nomeadamente, com o PSD e a CDU.

Por seu lado, Gonçalo Valente refere que o presidente e vice-presidente da CCDR em funções não foram eleitos pelos atuais autarcas, o que, apesar da legitimidade política, “fragiliza” a sua atuação.

Francisco Figueira argumenta que “não há nenhum presidente de câmara, nem vereador municipal em funções, que tenha votado no atual presidente da CCDR do Alentejo, pois foi eleito em finais de 2020 e as Autárquicas foram em 2021. Ceia da Silva foi eleito por autarcas que estavam a poucos meses de deixar funções e, portanto, não tem a propalada democraticidade de funcionamento”, conclui.

Gonçalo Valente defende mesmo que “Ceia da Silva devia pôr o lugar à disposição”, de forma a permitir a antecipação de eleições para que todos os partidos se possam pronunciar sobre a gestão deste organismo. Caso este cenário não se confirme, o PSD exige que os novos vice-presidentes a nomear “não sejam da cor política do Governo”.

PS E PCP DESVALORIZAM

Contactado pelo “Diário do Alentejo”, Nelson Brito, deputado e presidente da Federação Socialista do Baixo Alentejo, não quis comentar a posição defendida pelos sociais-democratas, dizendo apenas que os socialistas “estão totalmente concentrados nos problemas e soluções para o território, para conseguir minimizar as dificuldades da conjuntura internacional e prosseguir a melhoria de vida das nossas populações”.

Também José Maria Pós-de--Mina, da direcção regional dos comunistas, recusou entrar nesta luta. “O PCP considera a CCDR um órgão administrativo do Estado e está contra o desmantelamento das direções regionais de Cultura e Agricultura”. Para este dirigente do PCP, o caminho passa pela “concretização da regionalização”, prevista na constituição, o que permitiria, de “forma transparente e democrática”, o povo dar a resposta que entender.

Ceia da Silva, presidente da CCDR Alentejo, disse ao “Diário do Alentejo” que foi “eleito de acordo com a legislação” e, como tal, se sente “com toda a legitimidade” para exercer o cargo. “Esperemos pelas próximas eleições que deverão ocorrer em 2025, depois das Autárquicas”, concluiu. Recorde-se que as eleições para estes organismos foram alvo de um acordo entre o PSD e o PS, acordo que no Alentejo não aconteceu.

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