Diário do Alentejo

"Se valorizamos o que conhecemos temos de mostrá-lo ao mundo"

29 de julho 2023 - 09:00
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Três Perguntas a Isabel Palma Raposo, vereadora da Câmara Municipal de Odemira

 

Texto José Serrano

 

Os municípios de Odemira, Aljezur (Faro) e Vila do Bispo (Faro) estão a estudar a criação de um geoparque na costa sudoeste. Qual o trabalho que está a ser desenvolvido?

A costa sudoeste foi identificada na lista indicativa do Património Mundial da Unesco, cuja manutenção, nesta lista, foi conseguida em 2015. Desde essa altura que os municípios do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina têm discutido caminhos de valorização do património natural da região dada a sua relevância. O seminário “A diversidade do património geológico e biológico do concelho de Odemira, a sua relevância científica e potencialidades de valorização sustentável”, recentemente realizado e organizado em colaboração com o Centro Português de Geo-História e Pré-História, pretendeu relançar a celebração deste património com a discussão da criação de um geoparque. Da discussão com vários especialistas nacionais e internacionais das áreas da conservação, biologia e geologia, confirmou-se a grande importância do património natural desta região no contexto nacional e internacional e ficou definido, como próximo passo, a discussão e identificação dos territórios a incluir num trabalho de valorização e conservação, conjuntas, deste património.

 

Quais os principais “trunfos” do território para que a criação deste parque, com eventual chancela da Unesco, possa vir a ser uma realidade?

Esta região permite-nos uma viagem por 375 milhões de anos de história da Terra, contada pelas rochas aqui existentes, pela grande abundância de vida, diversidade de habitats e espécies de fauna e flora (com cerca de 1000 espécies de plantas identificadas). Ao longo do tempo, este território selecionou os que por aqui passaram e foram capazes de se adaptar e permanecer, sustentou práticas e tradições. As diferentes relações que se estabeleceram ao longo do tempo entre os vários intervenientes traduzem-se numa grande diversidade de paisagens. Diversidade é uma das palavras que melhor caracterizam o concelho de Odemira.

 

Considera que o reconhecimento do património natural pelo “grande público” poderá contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento sustentável da costa sudoeste?

Só valorizamos o que conhecemos, pelo que, para promovermos a proteção do património existente, de forma a podemos ter um desenvolvimento sustentável na costa sudoeste, temos de mostrá-lo ao mundo. Estabelecemos como essencial o estudo deste território e do seu património pelo que o município assumiu o compromisso de promover a investigação e produção de conhecimento através do desenvolvimento de parcerias com a academia e proporcionando as condições necessárias para receber estudantes e investigadores no concelho. Posteriormente, é fundamental que esta informação seja do conhecimento dos vários públicos através da sua sensibilização para a existência deste património natural, para a sua singularidade, valor e importância da sua conservação para todos nós, para as diferentes atividades económicas e culturais que aqui desenvolvemos e para as gerações futuras.

 

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