Diário do Alentejo

"A identidade é um fator de sobrevivência no mundo globalizado"

20 de novembro 2022 - 15:00
Foto | DRFoto | DR

Três Perguntas a Ágata Navarro, Presidente da SIM - Associação de Moradores, Proprietários, Comerciantes e Agentes de Desenvolvimento Económico e Cultural do Centro Histórico de Beja

 

Texto José Serrano

 

Organizada pela SIM, teve início, há duas semana, na Biblioteca de Beja, o ciclo de conferências “Arquitectura, Património e Reabilitação Urbana”. Quais os principais objetivos a que se propõe esta iniciativa?

O objetivo deste ciclo é oferecer à população e aos técnicos a possibilidade de assistir e participar nestas conferências, que trazem à cidade pessoas com experiências académicas e profissionais, nacionais e internacionais, muito relevantes, contribuindo, assim, para o aumento progressivo de massa crítica e participação, na esfera da cidadania.

 

A sessão inaugural deste conjunto de encontros teve como convidado José Manuel Pedreirinho. Que reflexões, sobre o património de Beja, proporcionou a intervenção deste reconhecido arquiteto, presidente da Ordem dos Arquitetos, de 2017 a 2020?

O arquiteto José Manuel Pedreirinho, além de ter sido presidente da Ordem dos Arquitetos e da Fundación Docomomo Ibérico, foi membro da Comissão Executiva do Conselho dos Arquitetos da Europa (2018-2020) e é autor de vários livros sobre temas de história da arquitetura portuguesa do século XX. Trouxe-nos diferentes referências conceptuais, como por exemplo as diferenças entre o ocidente e o oriente, em certos casos, mais ligado ao património imaterial do que à materialidade do objeto arquitetónico ou urbano. Apresentou uma série de exemplos de referências, de outros pontos do globo, que podem contribuir para pôr em perspetiva as nossas próprias questões.

 

Este primeiro encontro teve como lema “Património: andar em frente a olhar para trás”. Indicia esta premissa a imperiosa necessidade de se preservar e valorizar o património urbano, conservando assim a memória e a própria identidade da cidade de Beja?

Sim, a identidade é o valor fundador do desenvolvimento quando estamos a falar de património e da formação de uma ideia para a cidade onde queremos viver. Considero mesmo que a identidade é um fator de sobrevivência no mundo globalizado. A nossa atenção, como associação, centra-se no centro histórico de Beja – vemo-lo como o coração da cidade. Cidade que sofreu, durante centenas de anos, com o afastamento das grandes vias de comunicação física, a partir do momento em que a circulação no Mediterrâneo perdeu importância, face ao Atlântico. Agora, deve aproveitar o presente, salvaguardar a sua identidade e o seu valioso património, e aproveitar o tempo em que as distâncias também se medem pela velocidade de comunicação.

 

Comentários