Diário do Alentejo

No Baixo Alentejo "tem-se verificado um progressivo aumento dos casos de cancro de mama à semelhança do resto do país"

29 de outubro 2022 - 09:00
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Três Perguntas a Pedro Costa, Assistente Graduado de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba)

 

A propósito da campanha de consciencialização do cancro da mamã, Outubro Rosa, o "Diário do Alentejo" conversou com Pedro Costa, assistente graduado de medicina interna da Ulsba, sobre os principais fatores de risco da doença, as ações preventivas que devem ser tomadas e o panorama baixo-alentejano relativamente ao número de casos diagnosticados e o seu processo de evolução ou regressão nos últimos tempos.

 

Texto José Serrano

 

Assinala-se este mês o Outubro Rosa, campanha de consciencialização do cancro da mama. Quais os principais fatores de risco da doença? 

A idade continua a ser o maior fator de risco para o cancro da mama: uma mulher de 60 anos tem oito vezes maior risco de o desenvolver nos cinco anos seguintes, do que uma de 30; os antecedentes familiares – existe evidência de agregação familiar de cancro da mama em cerca de 10 por cento dos casos. Suspeita-se de transmissão genética em famílias com mais de três mulheres jovens com cancro da mama ou nas situações em que existam antecedentes familiares de cancro do ovário. O risco familiar é tanto maior quanto o número de familiares atingidas. Estas mutações genéticas estão geralmente ausentes no cancro da mama esporádico;  alguns fatores hormonais estão descritos como fatores de risco para o cancro da mama, tais como: a primeira menstruação em idade precoce, a idade tardia na primeira gravidez com termo, a menopausa tardia, não ter tido filhos, o uso de anticoncecionais (aumenta ligeiramente o risco, mas nem todos os estudos são consensuais), o uso disseminado e prolongado (mais de dois anos) de terapia hormonal de substituição em mulheres pós-menopáusicas ; alimentação e peso –  o consumo elevado de gordura, principalmente na infância e na adolescência, e o excesso de peso; a exposição a radiações ionizantes, resultante, por exemplo, de radioterapia, nomeadamente se a mesma ocorrer em idade jovem.

 

Que ações preventivas devem ser tomadas no âmbito da redução de incidência do cancro da mama? 

O diagnóstico precoce do cancro da mama, antes de surgirem quaisquer sinais ou sintomas, é fundamental, na medida em que o mesmo aumenta a probabilidade do tratamento ser mais eficaz e, em consequência, possibilitar um melhor prognóstico da doença.  Para a deteção precoce é geralmente recomendado: entre os 40 e os 50 anos, as mulheres devem fazer uma mamografia anual ou em cada dois anos. Não há consenso quanto à idade recomendada para início nem quanto à periodicidade, esse marco deve ser decidido com o seu médico.  Para além da mamografia, as medidas de deteção precoce da doença incluem ainda o autoexame da mama (que deve ser feito uma vez por mês, sendo a melhor altura a semana a seguir ao período menstrual)  e o exame clínico da mama, efetuado pelo seu médico. Se no seu autoexame a mulher detetar algo pouco usual, deve entrar em contacto com o médico, logo que possível.

 

Como classifica a região abrangida pela Ulsba relativamente ao número de casos diagnosticados de cancro da mama e de que forma se tem processado essa evolução ou regressão? 

Tem-se verificado um progressivo aumento dos casos de cancro de mama, em todas as faixas etárias, à semelhança do resto do país. 

 

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