Diário do Alentejo

"A existência de uma equipa multidisciplinar permitirá uma mais eficaz resposta, nas diferentes vertentes assinaladas"

25 de julho 2022 - 15:40
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Três perguntas a Ana Matos Pires, Coordenadora Regional da Saúde Mental da ARSAlentejo e diretora do serviço de Psiquiatria da Unidade Local de saúde do Baixo Alentejo (ULSBA)

 

Texto José Serrano

 

De acordo com um despacho conjunto dos Ministérios das Finanças e da Saúde, publicado esta semana em “Diário da República”, a Ulsba vai ter uma equipa comunitária de saúde mental para a infância e adolescência. Qual a importância da constituição desta equipa?

A saúde mental da infância e da adolescência é uma área de intervenção de primordial importância e com grande escassez de recursos humanos em todo o território nacional, com o Algarve e o Alentejo a apresentarem dificuldades acrescidas. Não se trabalha em saúde mental sem um conjunto de profissionais, com diferentes formações, que possam responder à promoção da saúde, à sua prevenção, ao diagnóstico precoce e tratamento da doença. Do mesmo modo, uma boa prática clínica, nesta faixa etária, implica um trabalho integrado e articulado com diferentes estruturas da comunidade, como sejam a escola, as autarquias, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens. A existência de uma equipa multidisciplinar permitirá uma mais eficaz resposta, nas diferentes vertentes assinaladas, e um trabalho extra hospitalar, mantido numa zona geodemográfica muito extensa, onde o trabalho de proximidade tem de ser uma realidade.

 

Para as 10 Equipas Comunitárias de Saúde Mental a criar, este ano, no país – cinco para a infância e adolescência e cinco para a população adulta – o Governo autoriza o recrutamento de 60 profissionais. Teme que, por falta de recursos humanos, a equipa, na região, possa ficar aquém do número desejável de profissionais a contratar?

No caso da Ulsba irão ser contratados seis profissionais – um enfermeiro especialista de saúde mental, dois psicólogos clínicos, um assistente social, um terapeuta da fala e um assistente operacional. Não estou nada preocupada com a falta de candidatos de qualidade, a dificuldade é a entrada de um psiquiatra da infância e da adolescência, que deverá entrar através de um concurso nacional para médicos. A escassez destes psiquiatras é grande, com o recrutamento e fixação de clínicos no Serviço Nacional de Saúde muito mais acentuado nas regiões do interior. Assim, a Dra. Isabel Santos, única pedopsiquiatra da Ulsba, dará apoio à equipa existente e a esta, nova. O processo de recrutamento e contratação, através de concurso simplificado, estará completado até ao final de setembro.

 

Como serão articuladas as formas de os destinatários e dos seus familiares terem conhecimento deste serviço?

O modelo de intervenção destas equipas é o preconizado pela Organização Mundial da Saúde para a boa prática de intervenção em saúde mental e já está a ser utilizado na Ulsba. Todo o processo de contacto e encaminhamento para Unidade de psiquiatria da Infância e da Adolescência se manterá na forma. Mais do que a mudança de práticas, que felizmente já estão no terreno há muito, a diferença vai acontecer no aumento e na celeridade da resposta e na melhoria da sua articulação, com maior integração de cuidados. 

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