Diário do Alentejo

"O regresso a “casa”, este ano, era necessário"

22 de julho 2022 - 09:00
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Três Perguntas a Baal 17, companhia de teatro, organizadora do Festival Noites na Nora

 

 

Texto José Serrano  

 

 

A 23ª edição do festival cultural Noites na Nora (NNN) decorre, em Serpa, até amanhã, dia 23 de julho. Até lá muitas surpresas, em forma de música teatro e dança, esperam o público?

Estamos na 23ª edição de um evento cultural único, que celebra a cultura como uma festa. Quando começámos, em 2000, havia essa vontade de surpreender o público, cada noite era pensada como um acontecimento ímpar, onde os espetadores e os artistas partilhavam não só o espetáculo mas também algo mágico – que não se explica, mas que caracteriza, ainda hoje, o festival. Este ano começámos com uma apresentação, muito especial, de um projeto inserido na programação da Temporada Cruzada França Portugal, onde juntámos dança vertical, música ao vivo e teatro, com a participação da companhia francesa Tango Nomade, da Baal17, da Oficina de Teatro de Serpa, do grupo de teatro EnCena da Escola Secundaria de Serpa, do Grupo Coral da Casa do Povo de Serpa e cerca de 70 participantes do Encontro Nacional de Teatro Escolar. Os silos da Cooperativa Agrícola Beja/Brinches foram um palco, a 30 metros de altura, que surpreendeu as mais de três centenas de espetadores presentes.

 

Esta edição marca o regresso das NNN ao espaço do início do aqueduto da cidade de Serpa, nas traseiras da antiga nora, que dá nome ao evento. É este um regresso a “casa” emotivo e simbólico?

Durante dois anos optámos por apresentar um formato mais adaptado às contingências da pandemia, aproveitando para explorar um conceito que tínhamos muita vontade de por em prática – sair do espaço da Nora, sem o perder de vista, e apresentar espetáculos pensados para outros locais, mantendo o mesmo espírito de partilha. O regresso a “casa”, este ano, era necessário. O espaço da Nora é o porto de abrigo deste festival, é o farol emotivo e simbólico que nos une e guia. É um espaço único, de liberdade e respeito. Estamos muito felizes de voltar e ver que os espetadores partilham connosco esta alegria.

 

Estamos assim, perante uma prazenteira oportunidade de sair para a rua, apanhar o fresco das noites de verão, confraternizar e assistir em família e com os amigos a espetáculos culturais de qualidade?

É o ato cultural que acontece, aliado a todos esses fatores. O Noites na Nora não é só um festival onde podemos assistir a espetáculos – há uma mistura, sempre presente, de gerações, o envolvimento da comunidade é único e há cada vez mais exigência em termos da expectativa que se constrói à volta de cada edição. Isto obriga-nos a ser mais rigorosos e a surpreender, cada vez mais, os espetadores que nos visitam. Vamos ter muitas surpresas, que não estão anunciadas no programa da edição deste ano. É uma oportunidade também para as pessoas se conhecerem melhor, de partilharem estes momentos culturais no seu todo e aproveitarem este ambiente festivo e descontraído para voltar ao que é mais essencial das relações humanas.  

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