Diário do Alentejo

"Todos nós queremos e merecemos um museu melhor"

20 de junho 2022 - 11:00

Três perguntas a Simão Matos, Membro da direção do Grupo de Amigos do Museu Rainha Dona Leonor, em Beja

 

Texto José Serrano

 

O que motivou a constituição do Grupo de Amigos do Museu Rainha Dona Leonor, cuja apresentação pública foi feita no Dia Internacional dos Museus, 18 de maio?

A constituição deste grupo resulta do desafio lançado pela atual diretora do museu, Deolinda Tavares, no sentido de reunir todos os que, individual e voluntariamente, têm nutrido carinho pelo património desta instituição. Conforme os estatutos “o Grupo tem por fim contribuir, apoiar e colaborar com o Museu (…), na realização, desenvolvimento e divulgação dos seus programas e fins, e ainda através do desenvolvimento de atividades próprias que possam contribuir de forma independente para aquele objetivo”.

 

Quais as atividades que esta associação cultural considera levar a cabo, a curto/médio prazo?

A direção encontra-se em fase de consulta aos membros do grupo, no sentido de recolher propostas de atividades, para serem publicamente apresentadas na próxima assembleia geral. As potencialidades são imensas e poderão passar por colóquios e conferências, divulgação da “peça do mês”, visitas guiadas, interação com outros grupos de amigos de museus nacionais e estrangeiros, valorização das peças da coleção, desenvolver ações de promoção de mecenato, criação de um grupo de amigos júnior, entre outras. A existência de grupos de amigos de museus é uma realidade comum a muitas instituições culturais e constitui uma verdadeira forma de interação com a comunidade, retirando aos museus o seu tradicional papel de depósito e guarda da memória coletiva, que muitas vezes assume um carácter passivo e imóvel, não apelativo para a sua visita. Necessitamos de um museu aberto, “vivo” e interativo com a comunidade – é esse um dos desígnios do grupo criado.

 

Qual o grau de preocupação que lhe suscita o atraso das obras de conservação do Museu Rainha Dona Leonor, inicialmente previstas para o princípio deste ano, mas sem ainda se terem iniciado, por contestação à adjudicação da obra?

O atraso na execução do plano previsto não pode deixar de nos preocupar, nomeadamente a intervenção ao nível da proteção estrutural das coberturas do edifício. A contestação da adjudicação da obra decorre da própria aplicação da lei, o que pode provocar, como neste caso, dificuldades no cumprimento dos prazos previamente estabelecidos. Mas queremos realçar que as obras vão ser uma realidade e não uma mera possibilidade, tantas vezes adiada, durante demasiado tempo.

O trabalho, realizado nos últimos anos, de consolidação de painéis de azulejaria, frescos, restauro e estudo científico de algumas das peças do espólio revelam a vontade, por parte da tutela, em dar um futuro a esta instituição. O grupo acredita e projeta-se com otimismo para esse futuro de reabilitação e renovação de um dos monumentos mais emblemáticos da nossa cidade e queremos ter um papel ativo no processo dessa dinamização. Todos nós queremos e merecemos um museu melhor. 

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