Diário do Alentejo

PCP contra "modelo insustentável" no Alqueva

12 de setembro 2021 - 08:00

O secretário-geral do PCP acusou ontem o Governo de acarinhar o “modelo agrícola insustentável” desenvolvido na zona beneficiada pelo projeto Alqueva, que “se transformou na galinha dos ovos de ouro do capitalismo agrário”. O Alqueva, “notável infraestrutura pública pela qual foi preciso lutar tanto”, e que tem “potencialidades imensas para contribuir para a segurança e a soberania alimentar”, transformou-se “na galinha dos ovos de ouro de grupos económicos do capitalismo agrário”, disse Jerónimo de Sousa, em Serpa.

 

Segundo o líder comunista, “uma boa parte” daqueles grupos económicos é constituída por “multinacionais” que “vêm exercer a sua atividade de garimpo” para a zona do Alqueva, “com culturas superintensivas, seja do olival, seja de amendoal. O caminho não pode ser o deste modelo agrícola insustentável, apoiado e acarinhado pelo Governo, que não contribui para fixar populações, antes pelo contrário, se estrutura em mão de obra de passagem, em regime de sobre-exploração”.

 

E, do ponto de vista ambiental, continuou, aquele “modelo agrícola insustentável” está a ser desenvolvido, “degradando solos e destruindo património, fazendo sobre uso da água ao serviço de interesses particulares, e pondo em causa a saúde humana”.

 

Jerónimo de Sousa falava numa sessão pública da CDU, coligação que junta PCP e Partido Ecologista “Os Verdes”, no âmbito da pré-campanha para as eleições autárquicas de dia 26 deste mês. A sessão contou com a participação dos candidatos da CDU às presidências da Câmara e da Assembleia Municipal de Serpa, João Efigénio Palma e Tomé Pires, respetivamente.

 

No seu discurso, o líder do PCP voltou a exigir o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros, considerando tratar-se de “uma medida inadiável, justa e emergente”. Também voltou a acusar o Governo PS ter vindo a colocar “atrasos e limitações” para “entravar a concretização de um conjunto significativo de medidas” inscritas no Orçamento do Estado para este ano. “Ou seja, o que era automático e o Governo não podia empatar, entrou em vigor. Em quase tudo o resto é o que se vê. Atrasos, desculpas, fingir que faz, mas não faz”, afirmou.

 

Segundo Jerónimo de Sousa, “não faltarão, nas próximas semanas” de campanha eleitoral para as autárquicas, “o agitar de novas promessas, o acenar dos milhares de milhões, a tentativa do PS de condicionar e chantagear os eleitores com esses investimentos”.

 

“Na CDU não fazemos das eleições um leilão de promessas, nem fazemos como outros, a começar pelo PS e o próprio Governo, que mil vezes prometem de novo o que mil vezes antes tendo prometido, não executaram”, sublinhou.

 

COMICÍO EM BEJA

Mais tarde, num comício em Beja, Jerónimo acusou hoje o Governo PS de construir o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “sob o mando de Bruxelas e dos senhores do dinheiro” e não em função das necessidades de desenvolvimento de Portugal.

 

O dirigente comunista disse que “vemos o Governo, ao mesmo tempo que se empenha numa bem urdida ação de propaganda, a manter a linha de submissão a esses inconfessados interesses do grande capital e aos ditames da União Europeia e do Euro”. Esta linha, continuou, “leva” o Governo, “por exemplo, a construir o chamado PRR não em função das necessidades de desenvolvimento do país, mas sob o mando de Bruxelas e dos senhores do dinheiro”.

 

“Exatamente como vemos o Governo, no plano da agricultura, uma atividade tão importante para esta região [de Beja], a ceder a todas as pressões para apoiar as culturas superintensivas, no Plano Estratégico da PAC [Política Agrícola Comum], inventando novas linhas de apoio à medida dos seus interesses”, acrescentou, considerando trata-se de uma “política que não serve os interesses e não assegura a defesa da soberania alimentar” de Portugal.

 

Jerónimo de Sousa falava num comício da CDU, no âmbito da pré-campanha para as eleições autárquicas de dia 26 deste mês, e que contou com a participação do candidato daquela coligação, que junta PCP e Partido Ecologista “Os Verdes", à presidência da Câmara de Beja, Vítor Picado.

 

Segundo o secretário-geral do PCP, os “primeiros” candidatos da CDU aos órgãos municipais e às juntas de freguesia do concelho de Beja têm um “percurso de dedicação à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população” locais que “fala por si e será uma alavanca para um grande resultado” e para “reconquistar a Câmara de Beja, resgatando-a ao marasmo a que a gestão do PS a condenou”.

 

“Alguns, de vistas curtas e sendo apenas capazes de fazer contas de merceeiro - salvaguardando respeitosamente o merceeiro obviamente -, dirão que estamos nesta batalha para no fim fazermos a contabilidade de ganhos e perdas. Desenganem-se. A CDU quer ganhar a Câmara Municipal de Beja”, frisou.

 

A CDU também quer “reforçar os seus resultados com mais votos, mais mandatos e mais maiorias, não para mostrar e trazer ao peito, mas para, a partir dessas posições, contribuir para resolver problemas candentes dos trabalhadores e das populações”.

Comentários