Luís Ferro, Lista B
“Contrariar o enorme afastamento
entre os arquitetos da região e a Ordem”
Como avalia as alterações na estrutura da OA, em particular a criação da Secção Regional do Alentejo?
A principal mudança irá ser, sem dúvida alguma, a proximidade que a OA passará a ter com os seus membros que residem e trabalham no Alentejo. Esta mudança, a nosso ver muito positiva, visa implicar e aproximar os arquitetos do Alentejo da OA e garantir uma maior presença e representação junto das estruturas de poder locais.
Em traços gerais, quais as principais propostas com maior impacto na região do Alentejo do programa da Lista B?
Entre muitas propostas que temos para a região e que podem ser consultadas no programa eleitoral, destacamos a intenção de contrariar o enorme afastamento que sentimos existir entre os arquitetos da região e a Ordem, através de três medidas principais: a monitorização da prática profissional com o objetivo de avaliar a prática profissional no Alentejo; o diálogo com o público geral sobre a prática da arquitetura e a divulgação da arquitetura produzida por arquitetos da região. Destaco também a proposta do serviço educativo do público mais jovem.
O que diferencia, em termos programáticos, a sua lista das duas outras candidatas à Secção Regional do Alentejo?
Vários aspetos, de entre os quais destacamos, novamente, o compromisso em aproximar a OA dos seus membros que residem e trabalham no Alentejo. Para tal, a candidatura à Secção Regional do Alentejo da Lista B é constituída por uma equipa de grande diversidade etária, geográfica e laboral. É maioritariamente jovem (com arquitetos entre os 30 e os 40 anos de idade, com cerca de 10 e 20 anos de experiência profissional) mas também inclui arquitetos mais experientes. Tem arquitetos que trabalham em gabinetes próprios, em câmaras municipais, em estabelecimentos de ensino e em unidades de investigação. Estão distribuídos pela região, com representantes em Arraiolos, Beja, Borba, Cuba, Elvas, Évora, Montemor-o-Novo, Portalegre, Reguengos de Monsaraz, Serpa, Sines e Vidigueira.
De que forma a atual emergência sanitária, pela pandemia de covid-19, condicionou a atividade dos arquitetos?
Sendo uma situação tão recente e sem precedentes, neste momento, é difícil prever a verdadeira grandeza dos efeitos da emergência sanitária na prática da arquitetura. No entanto, sabe-se que muitos arquitetos sentiram uma forte desaceleração no trabalho. De qualquer modo, esta situação tem vindo a demonstrar que é possível a comunicação à distância entre os arquitetos e a própria estrutura da OA, sugerindo formações certificadas por e-learning e até consultas jurídicas à distância de uma videochamada. No pós-pandemia, vai certamente haver muitas mudanças. De um dia para o outro, a qualidade do espaço público e do privado passaram a ser uma questão de saúde pública. Foram reacendidos os debates sobre o urbanismo das cidades, a habitação coletiva e, sobretudo, a relação de mútua reciprocidade entre o espaço público e o privado. Esperamos mudanças a muitos níveis. Para já, assistimos a uma grande transformação no próprio funcionamento da profissão, com os gabinetes de arquitetura a terem de se adaptar ao trabalho à distância. Mas são esperadas muitas outras mudanças em breve.
Com a atual situação, há ou prevê-se que venha a haver mais desemprego e precariedade entre os arquitetos no Alentejo?
Sim. À imagem da crise financeira de 2008, para já, os arquitetos receiam que a recessão económica que se aproxima possa provocar o encerramento de pequenas e médias empresas e, consequentemente, conduzir ao desemprego de muitos arquitetos de todas as faixas etárias.