Diário do Alentejo

“Lugar Nenhum”, o novo trabalho de Napoleão Mira & Grafonola Voadora

23 de abril 2020 - 10:00

Texto José Serrano

 

“Lugar Nenhum” é o mais recente trabalho de Napoleão Mira & Grafonola Voadora. Uma obra, apresentada em CD e nas plataformas, online Spotify e Apple Music, que procura criar “de um modo original, diferenciador e com um cariz declaradamente interdisciplinar, um diálogo permanente entre a imagem, a música e a palavra dita/cantada”.

 

O que podemos encontrar neste seu “Lugar Nenhum”?

Este é o culminar natural de quem vem pisando os palcos deste País ao longo dos anos. Faço parte do coletivo Grafonola Voadora com os meus parceiros Luís Galrito e João Pedro Espada, a que se juntam as colaborações especiais de João Campos Palma, Ricardo Martins e Rafael “Sickonce” Correia. São 12 temas originais, maioritariamente canções faladas onde a minha poesia tem especial relevo. Este trabalho conta ainda com poemas de Vítor Encarnação e de Sophia de Mello Breyner Andresen. Deambulamos por esse universo onde a palavra casa com a música e onde a imagem, nas apresentações ao vivo, tem uma importância fundamental. 

 

É esta obra um convite ao reencontro, ao reconhecimento das nossas raízes?

Claro! Somos fruto do que nos rodeia e o Alentejo estará sempre presente nas nossas criações. Este é um trabalho que conta com a generosa colaboração de Os Ganhões de Castro Verde, a quem foi proposto o desafio de sair da sua zona de conforto e abraçar um projeto onde a poesia musicada casa na perfeição com o repto que lhes foi lançado. Como vivo no Algarve também as terras mais a sul fazem parte das minhas referências, daí se poderem encontrar dois temas – “Mãe Soberana” e “No Silêncio das Pedras” – a ilustrarem a minha devoção pela terra que me acolheu.

 

“A arte é a salvação do espírito”, diz. De que forma pode a arte salvar-nos nestes tempos confusos e de recolhimento que vivemos?

As artes sempre estiveram na linha da frente, nos tempos mais conturbados. Esses mesmos tempos podem também eles ser objeto de tratamento artístico nos tempos vindouros. Em tempos de recolhimento e solidão, quando nos é cerceada a forma de ganhar a vida, só nos podemos agarrar a ela para reinventar um futuro melhor.

 

Que mensagem gostaria de deixar aos seus pares, artistas, e ao público, nestes tempos conturbados para a arte “ao vivo”?

Neste tempo perturbado diria aos meus pares que, apesar de tudo, resistir, lutar e criar é a melhor forma de sairmos desta crise e abraçarmos o tempo novo que surgirá quando a tempestade amainar. Ao público diria: comprem os nossos trabalhos, ouçam os nossos temas, divulguem a nossa arte e brevemente estaremos de novo juntos a desfrutar da alquimia dos sentidos, num teatro perto de si.

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