Diário do Alentejo

Rocim celebra vinho de talha no Amphora Wine Day

16 de novembro 2019 - 11:50

Texto Manuel Baiôa

 

Depois do grande sucesso da primeira edição do “Amphora Wine Day”, realizado no ano passado, a herdade do Rocim organiza um novo evento este, sábado. Desta vez estarão presentes mais de 40 produtores de todo o mundo, com várias interpretações do uso de ânforas e talhas na produção dos seus vinhos. A maioria dos produtores presentes será do Alentejo, com os seus tradicionais vinhos de talha. Contudo, também marcarão presença produtores de quase todas as regiões portuguesas, bem como de Espanha, Itália e França, e até do “novo mundo”, como Austrália ou África do Sul, que encontraram nas ânforas uma forma inovadora de trabalhar o vinho. Destaque ainda para os vinhos da Geórgia e da Arménia, locais onde o vinho de talha surgiu há mais de 7000 anos.

 

Pedro Ribeiro, o anfitrião da festa, confidenciou-nos os objetivos que presidiram à organização deste evento. A herdade do Rocim é um “produtor de vinho de talha desde a sua origem”. Uma vez que possuiu uma antiga adega de talhas num antigo monte, “que ainda hoje funciona e onde fazemos os nossos vinhos Herdade do Rocim Amphora”. Por isso, “as talhas sempre fizeram parte do nosso ADN, da nossa identidade. São uma parte muito importante do nosso passado e, certamente, farão parte do nosso futuro enquanto produtores”. 

 

A herdade do Rocim, “estando no coração do vinho de talha em Portugal, na Vidigueira, onde se produz este vinho há mais de 2000 anos, sempre sentimos que fazia todo sentido organizar um evento que celebrasse o uso de ânforas. Um evento que ajude a preservar esta prática milenar que ainda tem muito para dar ao mundo do vinho”.

 

Nos últimos anos os vinhos de talha começaram novamente a ser muito procurados, nomeadamente, por um nicho de consumidores que privilegia o caráter, a autenticidade e, por que não, a história que cada um destes vinhos traz consigo. O vinho de talha começou a ser olhado com outros olhos e como uma oportunidade de negócio, pelo que muitas empresas de referência começaram a fazer experiências. Isso levou a que um número progressivamente maior de produtores começasse a apostar na talha como um produto diferenciador. 

 

Segundo Pedro Ribeiro, é a “autenticidade” deste tipo de vinho que justifica a sua crescente procura. Existe, de facto, “um maior reconhecimento pelo vinho de talha, quer em Portugal, quer nos países onde estamos presentes. O vinho de talha é realmente único. Está intimamente ligado à terra onde é produzido, sendo, na maior parte das vezes, um reflexo perfeito do terroir e da cultura que lhe dá origem. Quando bebemos um vinho de talha bebemos efetivamente a história desse local. E isso é uma experiência profunda e enriquecedora”.

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