Texto António Catarino
O casario branco de Campo Maior emerge dos cabeços recortados num horizonte que se perde, entre montados, vinhas e olivais, por terras da Estremadura espanhola. Nos arredores da vila alentejana conhecida pela indústria do café, há uma adega com assinatura de um arquiteto português laureado com prémio Pritzker.
A silhueta, branca e minimalista, divisa-se ao longe, destacando-se na “paisagem bela e incólume”, assim descrita por Álvaro Siza Vieira, autor do projeto. Por aqueles lados, a gastronomia também é rica em sabores e pode ser apreciada no restaurante São Pedro, na estrada do Bicho, à saída da vila. É um espaço moderno, acolhedor, com decoração sóbria, imperando o tom claro das paredes.
As carnes são a especialidade da casa, mas a criatividade e o recurso a técnicas contemporâneas exprimem gosto pela arte de bem cozinhar. No dia-a-dia, as opções são variadas e apelativas, estabelecendo ligação a pratos e produtos regionais – sopa de tomate com ovo a baixa temperatura; cozido de grão; bochecha de porco preto com migas de coentros e azeitona preta – ou evidenciando outro tipo de sabores: pregado legítimo assado no forno e empada de leitão são duas propostas enquadradas na filosofia do restaurante. Açorda de camarão e várias sugestões bacalhoeiras – à Gomes de Sá; cozido; com espinafres e leite de coco ou dourado, com azeitona desidratada, óleo de coentros e salada – expressam a versatilidade da cozinha. Pica-pau de presa ibérica com picles fermentados em açúcar e vinagre e, outra sugestão – escabeche de codorniz, creme de laranja tostada e vinagre de trufa branca – denotam domínio das modernas técnicas culinárias e contemporaneidade na apresentação. A mista de carnes grelhadas no josper é a expressão de um capítulo significativo da carta: as carnes com diferentes períodos de maturação.
Para sobremesa, o gelado de leite de vaca cru com chocolate cremoso pode, eventualmente, ser opção para concluir refeição rica em sabores, neste restaurante com boa carta de vinhos e serviço simpático.