Diário do Alentejo

À Mesa: O Cais da Estação de Sines

19 de dezembro 2022 - 09:30
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Texto António Catarino

 

Sines é uma cidade transfigurada desde o início da década de 70 do século passado, quando ganhou forma o complexo industrial da então vila, berço do intrépido Vasco da Gama. Em 1990, ano de início do compulsivo fecho da maioria das linhas férreas em Portugal, em particular no Alentejo e em Trás-os-Montes, que os comboios deixaram de levar movimento à estação de Sines, projetada por Ernesto Korrodi e inaugurada em setembro de 1936, quando ali chegou a primeira composição, oriunda do Barreiro.

 

O bonito edifício, decorado com magníficos painéis de azulejos, é hoje a Escola de Artes do Alentejo Litoral. Mesmo ao lado, o restaurante Cais da Estação deu nova vida, desde 2009, ao velho armazém de mercadorias, antigo cais coberto. O espaço ao redor foi requalificado sem apagar a memória desses tempos em que os comboios por ali passavam.

 

O restaurante é caso de exemplar recuperação do velho armazém, transformado num espaço com quatro espaços – cais, mezanino, adega e esplanada –, com decoração aprimorada. Um aquário marisqueiro e a larga vitrina onde estão alinhadas as entradas indiciam ao que vamos: ali, o peixe e o marisco são reis, ou não estivéssemos junto ao Atlântico e num dos mais tradicionais portos de pesca.

 

Nas entradas, brilham a mariscada, a tábua da casa – pimento de sapateira e de atum, salada de polvo, presunto pata negra, paio do lombo e três tipos de queijos – ou a casquinha de sapateira. O prato mais famoso (e já premiado a nível nacional) é o arroz de lingueirão com choco frito, mas outras propostas merecem destaque: robalo com açorda de ovas; açorda de vieiras e gambas; espetada de lulas e salmão e gambas e, para duas pessoas, arroz de sapateira ou de tamboril. Há opções diárias de peixe fresco, neste caso, em conformidade com o que chega do mar.

 

No capítulo de carnes, destaque para os medalhões cinco pimentas, carne de lombo de novilho com molho de natas levemente picante; bife de novilho e posta de fraldinha (ambos com 250 gramas). Presa de porco preto grelhada e lombo de novilho com queijo da serra e farinheira constituem sólidas alternativas.

 

 

Nas sobremesas, as farófias têm fama. Boa carta de vinhos neste Cais da Estação gastronómica onde se chega e não apetece partir.

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