Texto António Catarino
Sede de concelho durante mais de três séculos, entre 1512 e 1836, Entradas é hoje freguesia do concelho de Castro Verde. O topónimo terá nascido por força da privilegiada localização, nas entradas do Campo Branco, território de pastoreio, nos séculos XV a XVII, dos numerosos rebanhos de ovinos da asa Real no século XV a XVII.
Por ali passava a via de ligação do porto fluvial de Mértola ao interior do Baixo Alentejo, o que reforçava a importância da localidade no contexto económico da região ao tempo. O património religioso edificado, em particular a igreja matriz oitocentista e os templos da Misericórdia e de Nossa Senhora da Esperança, ambos do século X, atestam a importância de Entradas em tempos idos.
Hoje, o IP2 garante um acesso rápido a Entradas, onde, a dois passos daquela rodovia, o restaurante A Cavalariça justifica pausa na viagem, se for caso disso, ou deslocação propositada para saborear pratos da cozinha regional marcada pela tradição. A história da casa tem sido escrita, ao longo de muitos anos, por mãos competentes no domínio dos fogões, conferindo um sabor muito especial às especialidades que figuram na carta do restaurante acolhedor e de ambiente familiar.
As pataniscas de bacalhau e os peixinhos da horta podem abrir caminho à sopa de cação ou ao esplendoroso ensopado de borrego. Outras opções relevantes e com tradição na casa, são javali estufado, cozido de grão e as apreciadas migas de bacalhau ou de espargos. Referência para as açordas de perdiz ou de fraca e para o coelho bravo frito, presenças eventuais na carta em que constam, lombinho de porco alentejano, burras e presa ibérica, uma boa escolha, pelo sabor da carne.
Nas sobremesas, brilham a sericaia e a encharcada no remate final de uma refeição plena de bons sabores. Na garrafeira, saliente-se a (lógica) presença maioritária de referências de produtores da região.
Serviço cordial neste restaurante de Entradas, que mantém A Cavalariça como paradigma de referência