Diário do Alentejo

À Mesa: A Adega bejense que consagra data histórica

24 de março 2022 - 10:30

Texto António Catarino

 

O castelo de Beja, cuja torre de menagem sobressai na imensidade da planície, é o ex-libris da cidade e tema de moda famosa, mas a capital do Baixo Alentejo, senhora de um rico passado histórico, também guarda memórias de tempos idos noutros monumentos. Na Praça da República, o pelourinho mandado erigir por D. Manuel I e reconstruído neste século, é um desses símbolos. Outro, a igreja da Misericórdia, construída no século XVI no apogeu do Renascimento.

 

As semelhanças com a Loggia de Florença são evidentes, mas a construção acabou por ser adaptada a templo, que ficou a embelezar um dos topos daquela praça bejense em pleno centro histórico, onde desemboca a rua da Moeda: é uma artéria perpendicular aquela praça e onde existiu uma adega.

 

No alvorecer da década de 80 do século passado deu-se a mudança de ramo e a casa passou a ter outro estatuto: continuou Adega Típica, mas associada a data história: 25 de Abril. A casa de paredes em tijolo manteve a essência rústica, patente na decoração: as talhas para fazer e guardar o vinho; os utensílios agrícolas, símbolos da vida rural dos rudes anos do século passado, os cocharros em cortiça para matar a sede.

 

Ali, respira-se Alentejo e a cozinha assenta nos pilares que sustentam uma das mais variadas e imaginativas gastronomias nacionais. Das sopas (alentejanas, pois claro!) aos ensopados, a lista é variada.

 

Para começar, uma linguiça assada, um pratinho com presunto, paio ou um queijinho de ovelha abrem caminho a outras propostas. Açorda de bacalhau, sopa de cação ou de tomate com ovo, enaltecem a excelências do pão alentejano, aliás, a exemplo das tradicionais migas, acompanhadas com carne de porco. O cozido de grão, prato suculento é uma exaltação de sabores e um dos pratos mais tradicionais da ementa. O icónico ensopado ou o borrego à pastora e os secretos de porco ibérico contribuem para o leque alargado de sugestões de uma lista com sabor a Alentejo. As carnes na brasa ampliam o leque de escolhas.

 

Nas sobremesas, a sericaia marca pontos na doçaria regional de base conventual. Garrafeira com referências da região em maioria. Serviço eficiente neste restaurante com alma alentejano

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