Texto: Manuel Baiôa
A Quinta do Quetzal, em Vila de Frades, promoveu um magnífico jantar no dia 9 de outubro que propiciou um encontro de culturas tão próximas e tão distintas – o litoral e o interior do Alentejo. A Quinta do Quetzal convidou um ‘chef’ e um produtor de vinho para cruzarem experiências, sabores e saberes de cozinha e de vinho entre o Atlântico e a Vidigueira. O ‘chef’ Joe Best harmonizou os seus pratos com os vinhos do Quetzal e o ‘chef’ da casa, João Mourato, combinou os seus pratos com os vinhos da Herdade de Portocarro (Alcácer do Sal), que foram apresentados pelo enólogo António Rosado.
No acolhimento, enquanto se podia visitar a exposição de arte contemporânea “Read/ing – Lendo”, foram servidos dois excelentes rosés Guadalupe 2019 e Tears of Anima 2019. O primeiro mais frutado, o segundo mais mineral.
O primeiro momento do jantar constou de um creme de cogumelos selvagens da serra da Gardunha e bolotas que harmonizou com o branco Guadalupe Winemakers Selection 2018. Na segunda entrada foi servido um lombo de bacalhau com samos, poejada e grão que emparceirou com o branco Geronimo 2019.
O primeiro prato foi um borrego com míscaros e esparregado de algas que casou com o tinto Cavalo Maluco 2013, a que se seguiu um galo do campo com cabidela de sangue de uva que combinou com o tinto Quetzal reserva 2017. Na sobremesa foi servida uma surpresa dos ‘chefs’ da costa alentejana e Vidigueira em que se destacava um gelado de algas, acompanhado pelo Quetzal Rich Red.
Os pratos procuraram unir ingredientes e sabores da terra e do mar. Destacaram-se dois: o excelso borrego com o esparregado de algas, pois a gordura da carne foi dilacerada pelo sal e acidez das algas; e a sublime falsa cabidela que mostrou frescura e sabores profundos. Os vinhos, de grande qualidade, mostram dois estilos e dois ‘terroirs’. Os vinhos da Quinta do Quetzal mostram-se mais frutados, representando o estilo de vinho da Vidigueira moderna. Os da Herdade de Portocarro são vinhos da Península de Setúbal, embora tenham uma alma alentejana marítima. São vinhos com nervo e acidez, revelando alguma influência oceânica.
Reto Jorg, administrador da Quinta do Quetzal, revelou que esta experiência se irá repetir, sendo convidados futuramente outros produtores e ‘chefs’ para dialogarem com os sabores e os vinhos da Vidigueira.