Diário do Alentejo

Carlos Papacinza: Campeão

23 de março 2020 - 16:52

“Eu, tal como o João Cruz, somos militares da GNR e fazemos parte da equipa que disputa o campeonato nacional das forças armadas. Este ano obtive o quarto lugar no crosse curto e fiquei apurado para o mundial que se realizará, se as circunstâncias o permitirem, em Sintra, no mês de setembro. O objetivo é trabalhar bem, para dar o meu melhor. Será uma estreia num mundial, não sei o que irei encontrar, só tenho me dedicar”.

 

Texto e foto: Fírmino Paixão

Campeão do Alentejo de corta-mato em seniores masculinos, vice-campeão em absolutos, campeão regional de corta-mato curto e longo, são apenas alguns dos títulos já conquistados, na presente época desportiva, pelo atleta Carlos Papacinza, nascido em Alvito, há 31 anos. Por ali se manteve até cumprir o serviço militar, com recordações de uma infância ativa, como nos revelou: “Quando era gaiato, não tinha propriamente atividades desportivas, como os miúdos têm hoje, fazia mais brincadeiras de rua, com um grupo de amigos da mesma idade. Joguei à bola e andava de bicicleta. Só quando atingi a idade de juvenil é que decidi entrar para o Clube de Natureza de Alvito, onde pratiquei outros desportos até me dedicar ao atletismo, modalidade que mais me atraiu”.

A maior parte dos títulos que conquistou até hoje foi com essa camisola. O percurso académico iniciou- se na terra natal e teve continuidade em Beja, na atual escola Diogo de Gouveia, até ao 11º ano, após o que decidiu abandonar os estudos. “Eu dizia sempre aos meus pais que não queria estudar mais, e então eles respondiam-me para procurar alguma coisa para fazer, porque ficar em casa sem fazer nada é que não era vida”. Pois não. Por isso não tardou a candidatar- se ao corpo de fuzileiros, a força especial da Marinha Portuguesa. “Estive naquela força desde 2007, até ao final de 2010, altura em que concorri para a Guarda Nacional Republicana”. Quando saiu, com a atividade profissional já localizada no Destacamento Territorial da GNR, em Aljustrel, comprometeu- se com o Núcleo de Atletismo e Recreio de Messejana, emblema que só representou meia época, devido a uma lesão. Quando regressou à modalidade foi, novamente, para Alvito e, nessa altura, é que recebeu o convite para representar o Beja Atlético Clube. “Logo, logo, não quis, porque não queria sair do CNA, mas depois o Bento Palma e o João Cruz falaram comigo e convenceram-me a integrar uma equipa que estavam a formar, com atletas seniores e veteranos, bastante forte ao nível do Alentejo. Senti que, mais importante do que um título individual seria, sempre, um título coletivo”. Apesar das reticências iniciais, Carlos Papacinza não está arrependido de ter dado esse passo.

 

“Não estou nada arrependido por ter vindo para o Beja Atlético Clube, nunca me arrependerei, gosto muito do clube e das pessoas que o integram, dirigentes e atletas, estou aqui com muito prazer e muito orgulho, mas, como disse, até posso conquistar muitos títulos individuais, mas fico mais satisfeito se, para além dessas minhas conquistas, a equipa também conseguir uma vitória coletiva”. Quanto aos títulos que ao longo da sua carreira tem conquistado, e são muitos, o atleta considerou que “todos são importantes e todos são difíceis de conseguir pois a todos eles está associado muito sacrifico, muita luta, muita entrega. Nada é fácil”. Ainda assim, sublinha que os títulos de campeão do Alentejo “são sempre os mais apetecíveis, porque são campeonatos onde vão competir também atletas de Évora e de Portalegre, mas os títulos distritais também são difíceis de alcançar pois já temos aqui bons atletas e a maior competitividade está mesmo na região de Beja”.

 

No plano nacional, Papacinza integrou as equipas que nos últimos tempos conseguiram um quarto lugar no campeonato nacional de estrada e o nono no nacional de corta-mato curto. “Essa é uma das nossas lutas. Não conseguimos chegar a um primeiro, segundo ou terceiro lugar a nível nacional, porque é muito difícil, temos o Sporting, o Benfica, o Maia, com equipas muito fortes, mas o nosso objetivo é participarmos nos campeonatos nacionais dando o nosso melhor, para estarmos sempre entre as dez melhores equipas”, garantiu o atleta que também integra os corpos sociais do clube. Carlos Papacinza auto avalia- se como um atleta completo, sem apostar numa disciplina em concreto: “Tanto eu, como o João Cruz, passamos ao longo da época por vários tipos de provas, começamos com algumas provas de trail, para fortalecimento muscular, passamos à estrada e fazemos os corta-matos, acabamos na pista e damos uma ‘perninha’ na areia”. A época em curso, porém, tem sido particularmente bem-sucedida, concorda. “Tenho trabalhado para isso, tenho gerido bem a época, ultimamente tem corrido melhor, porque também estivemos três semanas a preparar o campeonato nacional militar, em Queluz, e esse foi um período que ajudou na qualidade do trabalho”. Conquistar o título mundial não está no seu horizonte, mas chegar às medalhas é uma perspetiva que mantém em aberto. “Se calhar, ganhar aquela que este ano (4.º lugar no nacional) acabou por me fugir por muito pouco…, pelo menos, o apuramento já está riscado da minha lista, esse era um dos meus grandes objetivos. Agora vamos à procura de uma medalha militar a nível nacional”. Feliz com este percurso e jurando fidelidade ao clube, Papacinza espera que este ciclo de sucesso se mantenha por muitos e bons anos

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