Diário do Alentejo

Susana Rocha: Líder

22 de novembro 2019 - 10:30

“Não, nunca me arrependi de ter assumido este desafio que é a presidência do Clube Desportivo de Almodôvar porque, para já, sabia para o que vinha, embora tenha a sinceridade de reconhecer que nunca pensei que seria um desafio tão grande, tão exigente, mas não vim para aqui para brincar, vim para me dedicar e para servir o clube. Se quisesse brincar, não gastava assim o tempo que retiro da minha vida familiar e brincava em casa com o meu filho”.

 

Texto e foto Firmino Paixão

 

Susana Rocha nasceu no Monte dos Mestres, freguesia de Almodôvar, há 37 anos. Por aqui casou e prosseguiu a sua vida profissional, social e também desportiva. Foi aluna da Escola Dr. João de Brito Camacho e assegura que quando terminou esse percurso escolar tomou a decisão de começar a trabalhar. “Foi uma opção minha, gosto muito da minha terra e nunca quis sair de Almodôvar. Em 2001 entrei para a Câmara de Almodôvar e ali tenho continuado até ao presente, trabalhando como administrativa na área do ambiente”.

 

Preside, desde maio último, ao Clube Desportivo de Almodôvar. “A minha ligação a este emblema começou quando o meu marido veio para cá jogar e, a partir daí, tenho andado sempre ligada ao clube, ajudando de uma forma ou de outra”, conta. Hoje, até o filho, com 10 anos, já joga na equipa de infantis.

 

Como boa almodovarense que é praticou ciclismo, ou não fosse aquela terra uma capital do ciclismo ao sul. “Só deixei a bicicleta quando o meu filho entrou na escola primária, entendi que ele precisaria do meu tempo e muito mais da minha atenção. Atualmente o ensino está tão difícil que os miúdos precisam muito de nós e dependem muito do tempo que lhe dedicamos, então, a partir daí, deixei de praticar desporto”.

 

Susana Rocha presidia à assembleia-geral do executivo anterior, então liderado por Tiago Sousa. “Quando o Tiago tomou a decisão de sair, fomos falando uns com os outros e eu recebi o estímulo de muitos jogadores para me candidatar à presidência, e, então, aceitei este desafio. Achei que seria injusto, pelo facto de o Tiago não querer continuar, que decidíssemos deixar o clube e interromper aquilo que vínhamos fazendo tão bem. Resolvi dar esse passo, foi uma autêntica aventura”.

 

Uma aventura, um desafio, quem sabe se uma decisão arrojada da qual nunca se arrependeu. Por outro lado, casada com um antigo jogador do Almodôvar, Nelson Rocha, certamente que o futebol, lá em casa, estaria na ementa diária. “O facto de o meu marido ter sido jogador do clube também me aproximava bastante da modalidade. As conversas em casa, volta e meia, iam dar ao futebol, aliás, ainda hoje, apesar de o Nelson já não jogar aqui, atualmente joga na equipa da Sociedade Almodovarense, que disputa a Liga do Inatel, e eu também faço muito gosto que ele ali continue, porque o futebol é algo de que ele muito gosta”.

 

Conjugados todos estes fatores, e apesar de as bicicletas terem estado na origem da sua atividade desportiva, é o futebol a modalidade que mais a cativa. “Aprendi a gostar de futebol ao fim de tantos anos de por aqui andar. Não vou ser cínica ao ponto de dizer que percebo muito de futebol, isso não, mas acho que fui buscar as pessoas certas. Reuni gente que percebe muito e que tem muitos conhecimentos na área do futebol, como Vítor Jacob e Miguel André, pessoas que me têm dado uma ajuda absolutamente determinante”, diz.

 

O apoio e o aconselhamento do marido também são fundamentais ao seu desempenho, revela Susana Rocha. “Se ele não me tivesse dado esse apoio, eu nunca teria dado este passo porque, em primeiro lugar, precisamos de ter o apoio da pessoa com quem estamos diariamente e com quem vivemos. Se isso não tivesse acontecido nunca me teria metido nesta aventura”.

 

Os obstáculos, as dificuldades naturais na gestão de uma coletividade com este nível de responsabilidade têm sido superados. Depois, reconhece em si própria algum espírito de liderança, embora garanta: “Apesar de ser a atual presidente do clube, nós temos uma equipa de trabalho e a mim sempre me ensinaram que para as coisas correrem bem temos de trabalhar em conjunto, e quando falamos em espírito de liderança não me refiro só a mim, mas a toda a equipa que está comigo, desde os membros da direção às equipas técnicas, todo o universo do Clube Desportivo de Almodôvar”.

 

Com um percurso ainda muito verde como líder do clube, Susana Rocha ainda não pensa na recandidatura, mas tem dois desejos bem amadurecidos: “Queremos abrir uma sede do clube, no centro da vila, que é um desejo dos nossos sócios, e tenho também um sonho: gostaria muito que o Almodôvar fosse campeão num escalão de formação. Há muitos anos que isso não acontece e esse é um dos meus maiores objetivos”.

 

Uma coisa é certa, o futebol nunca servirá como uma ponte para que Susana Rocha venha a desempenhar outros cargos, nomeadamente, políticos. “Não! Nunca na vida. Não tenho qualquer tipo de intenção de, sendo presidente do clube, chegar a outros patamares. Não, de todo. Nunca! E sou contra isso, acho que não se devem misturar as águas, quando se misturam, as coisas nunca correm bem. Essa é uma experiência que temos de situações que já se passaram neste clube”, concluiu.

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