Diário do Alentejo

Academias de karaté reuniram-se em Serpa, preparando os campeonatos regionais federativos

15 de março 2024 -
Uma escola para a vidaFoto| Firmino Paixão

A Associação de Karaté Goju-Ryu do Distrito de Beja realizou, no Pavilhão Carlos Pinhão, na cidade de Serpa, um torneio distrital que reuniu mais de centena e meia de atletas das suas academias regionais.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

Os karatecas nos escalões de infantis, iniciados e juvenis, representantes das academias de Beja, Cuba, Moura, Penedo Gordo, Pias, Serpa, Vidigueira e Vila Nova de São Bento, no distrito de Beja, e a academia de Évora, reuniram-se na cidade de Serpa no torneio anual de apuramento para os campeonatos regionais que a Federação Nacional de Karaté Portugal realizará, no dia 13 de abril, na cidade de Loulé. “Um torneio associativo organizado com o intuito de rodar e preparar todos os atletas das academias nossas filiadas”, revelou o mestre Teófilo Fonseca, presidente da Associação de Karaté Goju-Ryu do Distrito de Beja (AKDB), acrescentando: “É também uma etapa de preparação para que eles comecem a ganhar um pouco de traquejo e percam aquele nervosismo natural que existe sempre no início das competições, mas, sim, foi também um momento de apuramento para os próximos campeonatos regionais”.

O mestre revelou ainda: “Estiveram aqui nove academias, ou seja, todos os clubes filiados na associação. Temos à volta de 190 atletas no global, mas hoje passaram por este torneio, em Serpa, entre 150 a 160 atletas. Foi um torneio dirigido aos praticantes mais jovens, nas categorias de infantis, iniciados e juvenis, escalões que estarão no foco da próxima organização regional. Tivemos também alguns cadetes, mas esses vieram apenas rodar, porque o objetivo estava realmente centrado naqueles três escalões etários”.

A AKDB tem crescido, o número de atletas filiados agrada aos seus responsáveis e Teófilo Fonseca revelou: “Depois da pandemia começámos a registar uma adesão muito interessante, todos as academias aumentaram o seu número de praticantes e a tendência é, efetivamente, de maior crescimento”. Ainda assim, o número de academias está estabilizado e sem previsão de alargamento. “Será difícil, porque para existir uma academia temos que ter treinadores acreditados pela federação e, muitas vezes, não existem pessoas para isso, porque é uma formação que leva anos a preparar e as pessoas, normalmente, não querem assumir essa responsabilidade”, lamentou o dirigente. Talvez por isso, o karaté não se tem mostrado muito na comunidade escolar no sentido de promover captação de praticantes, precisou Teófilo Fonseca. “Neste momento não temos ido às escolas, porque o dojo de Beja, atualmente, está cheio, temos cerca de 80 alunos. Dou aulas de segunda a sexta e não podemos receber mais alunos. Estou satisfeito com esta adesão, mas as outras escolas/academias também estão muito bem, estão com um elevado número de alunos e a tendência é de crescimento”. Um sinal de que o karaté não tem sido afetado pela concorrência de outras academias de artes marciais que têm surgido na região, admitiu o presidente da AKDB. “O karaté, enquanto arte marcial, não tem sido afetado pelo aparecimento ou crescimento de outras modalidades, temos vindo sempre num processo de crescimento. Nós, dentro da associação, praticamos várias modalidades de estilo japonês e não japonês, porque há escolas que têm krav maga, outros têm ryu, que são os pontos vitais, quase todas as escolas têm jiu-jitsu tradicional e armas, mas o krav maga, hoje, é uma modalidade de moda. Gosto mais de seguir as escolas tradicionais, porque respeito o trabalho de kobudo, respeito todas as artes marciais mas o krav maga é virado para a defesa pessoal urbana, sem o protocolo da escola japonesa, que é a perfeição”. As academias da AKDB são escolas do estilo goju-ryu. “Um estilo que é tradicionalmente um combate de curta distância. É conhecido dessa forma, é um dos quatro estilos tradicionais que existem, apesar de existirem várias linhas. Há karaté goju-ryu, shito-ryu, wado-ryu e shotokan-ryu. O goju-ryu é um estilo duro e suave, harmonia com dureza, mais combate corpo a corpo”, adiantou o técnico, sublinhando os bons resultados que os atletas da associação têm conseguido. “Ao nível da escola, e eu chamo escola ao estilo de gojo-ryu que nós fazemos, temos tido muito bons resultados. Tivemos o campeonato europeu em setembro passado, no Seixal, e tivemos atletas da associação de Beja que conseguiram lugares de pódio, de infantis a veteranos. Tivemos a campeã europeia de veteranos que é a instrutora que está em Moura (sensei Teresa Fialho), portanto, tivemos atletas muito bem classificados ao nível europeu”.

Teófilo Fonseca fez ainda notar que “as pessoas pensam que o karaté é luta, mas não é. É defesa e é a formação que nós damos, uma formação que é importante para o crescimento da criança. Trabalhamos a alfabetização motora, um trabalho educativo, formativo e importante para o desenvolvimento da criança. Ela hoje aprende o nosso trabalho de alfabetização motora e amanhã estará noutro desporto a desenvolver esse trabalho”. E para quem quiser praticar? “A porta está sempre aberta para todas as pessoas que queiram experimentar, é muito simples, basta fazerem três ou quatro aulas, que será uma semana toda, porque todas as aulas são diferentes, e as pessoas verão que adquirem algo que lhes provocará a satisfação de praticar karaté. Temos a componente física, a componente mental e, principalmente, o respeito, essa formação de respeito fica para vida, a criança saber respeitar os mais velhos, saberá ter uma postura de nobreza perante os mais antigos”. O tatami é o altar do respeito, um palco sagrado, acrescentámos. “O tatami é a nossa escola de aprendizagem. O dojo não é só um ginásio, é uma escola de aprendizagem para a vida”, garantiu Teófilo Fonseca.

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