Diário do Alentejo

Treinadores do Serpa e do Vasco da Gama analisaram a primeira volta do Campeonato de Portugal

29 de dezembro 2023 - 08:00
Ano novo, vida nova…Foto | Firmino Paixão

Mauro Santos e Ricardo Vargas, treinadores do Futebol Clube de Serpa e do Clube de Futebol Vasco da Gama, de Vidigueira, respetivamente, refletiram sobre o menor rendimento das suas equipas durante as primeiras 13 jornadas (primeira volta) do Campeonato de Portugal.

 

Texto | Firmino Paixão

 

O Vasco da Gama de Vidigueira entrou nesta edição do Campeonato de Portugal com uma vitória em Elvas. Parecia ser um bom prenúncio. Porém, nas 13 jornadas que já disputou, consentiu sete derrotas (três delas em casa, com o Sintrense, Juventude e Moncarapachense) e dois empates (um no seu reduto, frente ao Fabril do Barreiro). A equipa, comandada por Ricardo Vargas, marcou 15 golos, sofreu 26 e ocupa o 10.º lugar na tabela, com 14 pontos, a dois da equipa imediatamente acima.

 

“Temos os pontos que merecemos”

 

Ainda assim, Ricardo Vargas assegura: “Não deixo de fazer um balanço positivo tendo em conta algumas limitações e dificuldades que enfrentámos na preparação do plantel, desde o início da épo-ca”. O treinador revela: “Esperávamos estas dificuldades, até por sabermos o que seria o contexto deste campeonato, muito mais qualificado face àquilo que íamos encontrando nas outras equipas e que já tínhamos observado aquando da constituição dos seus plantéis. Portanto, esperávamos uma prova muito mais difícil do que na época passada, porém, tenho a certeza de que todo o nosso grupo de trabalho tem feito, em todos os jogos, o máximo possível para dignificar o clube e para dignificar a região”. E faz contas: “Terminámos esta fase com 14 pontos, a dois da ‘linha de água’, mas faltam 13 jogos”, prometendo: “Teremos de olhar para o resto do campeonato com otimismo, mas antes de o fazermos teremos que refletir sobre aquilo que correu menos bem e sobre o que devemos melhorar para que a segunda volta seja mais produtiva e para que consigamos os objetivos de manutenção”.

Ricardo Vargas admite que terá existido um ou outro jogo menos conseguido. “Falámos isso com os atletas. Mas acho que temos os pontos que merecemos ter. No futebol o mérito é muito subjetivo. Estivemos a ganhar em alguns jogos em que não pontuámos. Recordo que, em Massamá, estivemos a ganhar por 2-0 e acabámos a perder por 3-2. Nos jogos em casa perdemos pontos já na parte final, com equipas que lutam por outros objetivos. Posso dizer que contra o Moncarapachense fizemos o nosso melhor jogo e perdemo-lo já no final. Poderíamos ter mais quatro ou cinco pontos e estaríamos num lugar diferente”. Ainda assim insiste: “Temos os pontos que merecemos, mas o lugar em que o Vasco da Gama está, neste momento, não espelha aquilo que tem sido o valor da equipa, a qualidade do nosso jogo e o potencial do grupo”.

Sendo assim, podem estar a caminho alguns reforços. “Sem dúvida, porque começámos agarrados à base que tem vindo, ao longo das últimas épocas, a alimentar e a manter o clube em patamares mais elevados. Não construímos o plantel como nós desejaríamos, porque temos de cumprir religiosamente o orçamento do clube mas, neste mercado, terão de existir mexidas. Houve jogadores que saíram – uns que saíram por eles, outros que achámos que não tinham condições para continuar –, mas queremos apresentar-nos na segunda volta, pelo menos, com mais três reforços que venham acrescentar mais qualidade ao grupo”.

 

Falta “meter a bola dentro da baliza”

 

Mauro Santos chegou a Serpa já com a época em curso. Sucedeu a Nuno Pinto, recebendo a equipa no último lugar, sem pontos nem golos marcados. Já conseguiu duas vitórias (em casa com o Imortal e no Campo Estrela, em Évora) e dois empates (em casa com o Real e em Moncarapacho). Os oito pontos que conseguiu só dão para se manter no décimo terceiro e penúltimo lugar da tabela, já a oito da superfície, leia-se, acima da zona de despromoção.

O técnico reconhece: “O balanço não é, naturalmente, aquele que eu gostaria de fazer, porque estamos numa situação que não é confortável e a equipa e a direção sabem disso”. E lembra: “Chegámos aqui com zero pontos, seis golos sofridos e zero marcados. Não conseguimos ser eficazes e, por isso, temos perdido bastantes pontos”. Um problema de eficácia, sublinha. “Estivemos a ganhar em muitos jogos, por exemplo, nos últimos dois, um contra o Vidigueira, em que não podíamos ter perdido, porque estivemos a jogar com mais um jogador, durante cerca de 60 minutos, mas não fizemos um jogo bom, embora tivéssemos oportunidades para o ganhar. No jogo contra o Sintrense, estivemos a ganhar e não soubemos agarrar o jogo. Podíamos ter ganho ao Moncarapachense, porque também estivemos em vantagem numérica, mas não fomos eficazes. Se tivéssemos concretizado todas a oportunidades que tivemos, podíamos ter 10 ou 12 golos. Mas o futebol é assim, quando não se marca, sofre-se. Perdemos muitos pontos nos minutos finais, por falta de concentração e de determinação, e há coisas que nós, como treinadores, não podemos controlar. Porém, sinto que a equipa faz aquilo que lhe é pedido, cria oportunidades e não marca, responde bem, mas falha nos momentos capitais do jogo”.

Sobre as ideias que tem para alterar este trajeto da equipa, Mauro Santos assume: “O reforço do plantel já foi conversado e foi equacionado durante muito tempo. Estamos permanentemente com adaptações de jogadores para diferentes lugares, andamos nisto já há muito tempo e se não chegar alguém para aumentar a qualidade do plantel a segunda volta será penosa”. A alternativa será, admite, continuarem a trabalhar com as opções que têm. “Esta é a minha maneira de estar, até porque quando aqui cheguei lembro-me de lhe ter dito que não havia milagres. Se tivermos ovos de codorniz, a omeleta sai mais pequena, se tivermos ovos de avestruz, sairá enorme. Continuaremos a trabalhar esperando que os reforços apareçam porque o trabalho está a ser bem feito, os jogadores entendem isso e nós também. O que tem faltado é meter a bola dentro da baliza”.

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