Diário do Alentejo

Futebol Clube de Serpa foi eliminado da Taça de Portugal, mas saiu de cabeça erguida

30 de novembro 2023 - 14:05
O “galo” Fuji(u de)moto…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Que grande jogo de futebol. O Gil Vicente venceu, tangencialmente, em Serpa e carimbou a passagem à quinta eliminatória da Taça de Portugal, mas as gentes de Serpa só podem ter ficado orgulhosas da sua equipa.

 

Texto | Firmino Paixão

 

Corria o minuto 21 quando o capitão Gonçalo Serrão cortou um lance de ataque dos visitantes, tirando a bola do alcance do croata Roko Baturina, fazendo-a sair pela linha de fundo. Pontapé de canto cobrado pelo capitão dos gilistas, Murilo, para o segundo poste, em que surgiu o japonês Fujimoto livre de marcação, a encostar, com o pé esquerdo, para o interior da baliza serpense, sem possibilidade de defesa pelo guardião Titinho. Os adeptos do Serpa, incansáveis no apoio à sua equipa, poderiam ter pensado que aquele tento, apontado pelo japonês, seria o primeiro de mais alguns que os serpenses iriam sofrer, reeditando-se o jogo da edição anterior da Taça de Portugal em que o Gil Vicente ali venceu por três bolas a zero. Não aconteceu! Seria normal e até desculpável, tendo em conta a diferença de estatuto das duas formações em campo, os visitantes a disputarem a principal Liga Portuguesa, os alentejanos a competirem no Campeonato de Portugal, a quarta divisão do futebol nacional. E, por ora, no rodapé da tabela da sua série.

O próprio treinador do Gil Vicente, Vítor Campelos, ao fazer a antevisão da partida, tinha dito ao diário desportivo “Record” que, apesar da diferença de escalões entre os dois emblemas, o respeito pela formação Serpa exigia que a sua equipa fosse rigorosa e acautelasse uma eventual surpresa. O técnico dos barcelenses, temendo a diferença de habituação ao piso sintético, deixou a nota de que o Serpa não teria nada a perder e que a responsabilidade e o compromisso estariam do lado dos seus jogadores. O Gil Vicente entrou melhor na partida, foi pressionante nos primeiros momentos de jogo, teria que fazer jus ao favoritismo que pendia a seu favor, mas o Serpa não se atemorizou. Depressa equilibrou o jogo, foi audaz, teve atitude e foi combativo, e em nenhum momento foi inferior ao seu adversário, antes pelo contrário, houve momentos em que esteve verdadeiramente por cima do jogo, fazendo com que se esbatesse aquela diferença de níveis competitivos em que os dois emblemas competem. O guardião Titinho, isento de culpas no golo sofrido, não teve muito que fazer em toda a partida. O momento em que o Serpa merecia ter chegado à igualdade aconteceu a cerca de 20 minutos do final, num livre apontado por Diogo Marques (jovem bejense que chegou a Serpa vindo do Estoril Praia), que obrigou o guardião Brian Araújo a uma defesa incompleta, com Roan Wilson a evitar o tento do empate. Mais adiante, surgiria ainda uma segunda oportunidade para a turma alentejana, com um remate muito perigoso de Gonçalo Batista.

Por tudo isto, arriscaremos escrever que o Serpa mereceria ter chegado ao empate e ter levado o jogo para mais 30 minutos complementares e, eventualmente, para o desempate através da marcação de grandes penalidades. E, aí, logo se veria a quem a sorte haveria de sorrir. Não foi assim, prevaleceu o golo de Fujimoto com que o Gil Vicente voltou a sair de Serpa com mais uma eliminatória no bolso. No final da partida, e em declarações exclusivas ao “Diário do Alentejo”, o treinador dos locais, Mauro Santos, assumiu: “Contra equipas deste escalão são os detalhes que fazem a diferença e foi isso que aconteceu. Mérito para o Gil Vicente, que também percebeu que nós marcávamos individualmente e apareceu um jogador ao segundo poste sem marcação. Foi uma falha de concentração que nos obrigou a mudar a estratégia que trouxemos para o jogo. Não vou ter a audácia de dizer que fomos a melhor equipa, mas acho que, em muitos momentos, fomos mesmo superiores ao Gil Vicente. Conseguimos sair muito bem nas situações de transição, com dois, três toques e a bola metida na profundidade, mas a qualidade individual do Fujimoto fez a diferença para os nossos jogadores, apesar de todos os aspetos positivos que aqui mostrámos”.

Já o técnico Vítor Campelos confirmou aquilo que adiantara na projeção da partida – “Sabíamos as dificuldades que iriamos encontrar jogando contra o Serpa e num relvado sintético” –, justificando que a sua equipa, “depois do golo, perdeu agressividade e alguma velocidade, permitindo que o adversário crescesse”.

 

CAMPEONATO DE PORTUGAL

O regresso do Campeonato de Portugal está marcado já para este domingo, 3 de dezembro, com a realização da 11.ª jornada, aquela que oporá o Futebol Clube de Serpa ao Vasco da Gama de Vidigueira. Um dérbi em que ambos procurarão somar pontos para melhorarem a sua posição na tabela classificativa. Mauro Santos considerou mesmo: “Provavelmente o Vidigueira também vem cá com vontade de vencer, porque é um dérbi da região, mas nós temos que pegar nos aspetos positivos deste jogo e transferi-los para essa receção ao Vasco da Gama, porque a vitória sobre o Lusitano de Évora de nada valerá se não vencermos no domingo, pois temos que pontuar para sairmos desta zona”. Nesta que será a 11.ª jornada do Campeonato de Portugal, o Lusitano de Évora jogará em Albufeira e o Juventude em Loulé. O Elvas, também afastado da Taça de Portugal (1-1 e 1-4 gp) pelo Santa Clara, receberá o Fabril do Barreiro.

 

TAÇA DE PORTUGAL

4.ª ELIMINATÓRIA

 

F.C. SERPA-0-1 GIL VICENTE

FC SERPA: Titinho, Diogo Marques, Artur Simionato (Gonçalo Batista (59’), Gonçalo Serrão (c.) e Daniel Aleixo; Bruno Perdigão (Blessed Teixeira, 77), José Miranda (Diogo Alves) e Vítor Calado; José Ganhão (Emanuelle Eze, 45), Botche Candé e Diogo Marques.

Treinador: Mauro Santos

GIL VICENTE: Brian Araújo, Thomás Luciano (Zé Carlos, 82’), Né Lopes, Felipe Silva e Kiko Pereira; Roan Wilson, Roko Baturina (Miguel Monteiro, 67’) e Martim Neto; Fujimoto, Murilo (c.) (Marlon Douglas, 82’) e Félix Correia. (Tidjany Touré, 67’).

Treinador: Vítor Campelos

 

Disciplina: amarelos a Félix Correia (25’), Artur Simionato (33’), Thomas Luciano (78’’) e Marlon (90+1).

Marcador: Fujimoto (22’)

Árbitro: Luís Godinho (CR Évora), assistido por Pedro Felisberto, Hugo Ribeiro e Josué Padeiro (4.º árbitro).

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