Diário do Alentejo

Ricardo Vargas, treinador do Vasco da Gama, promete uma equipa competitiva

27 de agosto 2023 - 18:00
“São Vasco e estão cá”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Clube de Futebol Vasco da Gama entrou com o pé direito nesta edição do Campeonato de Portugal. Uma vitória em Elvas pode não fazer esquecer as contrariedades da pré-temporada mas, pelo menos, galvaniza a equipa que o treinador promete preparar para os desafios vindouros.

 

Texto  Firmino Paixão

 

"Quando olho para os meus jogadores e vejo a forma como eles têm trabalhado, com tantas dificuldades que temos superado nas últimas semanas para constituir o plantel, só posso estar confiante, porque eles deixam-me confortável”, foi a garantia que Ricardo Vargas deixou ao “Diário do Alentejo” na projeção de uma época que promete ser difícil, sobretudo, porque o clube, por questões internas que tiveram a ver com a demora na eleição de novos corpos sociais, iniciou tardiamente o seu planeamento. Ricardo Vargas confessou que jamais poderia voltar as costas ao emblema que o projetou para o futebol sénior e elogiou a coragem dos jogadores que permaneceram ao seu lado.

 

Aceitou dar continuidade a este trabalho de consolidação do clube no Campeonato de Portugal. Foi fácil?

Dizer que foi fácil, não será bem assim, porque houve alguma ponderação da minha parte. Não por não querer continuar, mas por achar que poderia ser o momento de sair, após dois anos aqui, e porque conseguimos abrir o espaço para outras ideias, para outra pessoa ter a sua oportunidade neste clube. Depois, com tudo o que surgiu, jamais poderia virar as costas ao clube que me deu a oportunidade de treinar no futebol sénior. Não podia deixar de, pelo menos, tentar estar presente e dar continuidade a este projeto que, ano após ano, vai crescendo, mas que, em cada final de época, torna-se sempre uma incógnita acerca do que virá a seguir. Como tal, teria sido fácil para mim, ou para nós todos, incluindo direção e jogadores, sairmos e pensarmos que ficou aberta uma porta grande e deixarmos o futuro para outras pessoas. Mas entendemos que não devíamos deixar o clube nesta situação e pronto, aqui estou eu, para mais uma época, com o mesmo entusiasmo de sempre.

 

Um ano de mandato dos órgãos sociais, a este nível, atrasa e prejudica o planeamento da época seguinte…

Já ando no futebol há uns anitos. Como jogador, principalmente, e como treinador. Este é o futebol do nosso distrito. As pessoas cada vez são menos. Temos até que louvar muito as pessoas que se mantêm à frente dos clubes, porque, realmente, não é fácil. Estão aqui a título gratuito deixando para trás muito daquilo que é a sua vida pessoal. Cada vez iremos ver mais disto, infelizmente. Para um clube que acabou a época com a manutenção no Campeonato de Portugal, e que quer dar seguimento a essa trajetória na competição, não deveria acontecer essas situações e hoje, se calhar, podíamos estar numa situação mais cómoda. Mas a verdade é que a vida é mesmo assim, as pessoas são cada vez menos e sem pessoas não se consegue levar por diante estes projetos.

 

Quais são então as expetativas com que o Vasco da Gama encarou este campeonato?

Atrevo-me a dizer que esta talvez seja a época que nos vai colocar à prova. Será a época mais exigente para todos nós no Vasco da Gama e por todos os motivos. Na época passada conseguimos a manutenção quando ninguém esperava. Sabemos que, neste ano, o grau de exigência é totalmente diferente, pois o campeonato vai estar muito mais competitivo, e daí a minha afirmação de que esta época será a de maior exigência de todas as que já tivemos no Vasco da Gama. Mas nós estamos cá para dar a volta à situação e para acabarmos da melhor forma possível. Estamos a traçar o nosso caminho, a arrumar a nossa casa, mas queremos fazer uma época em que o grande objetivo seja a manutenção no campeonato nacional. Temos que ser corajosos e trabalharmos sobre aquilo que é a nossa realidade.

 

Ganhou em Elvas, com uma equipa que veio dos regionais e, no domingo, estreia-se perante o seu público, recebendo o Sintrense…

Não olho para os adversários como tendo subido dos regionais ou tendo descido da Liga 3. Jogámos em Elvas com um clube promovido do distrital, mas que, sabemos, fez um investimento mais forte que o Vasco da Gama. Fomos numa situação que não desejávamos, em termos de equipa e de plantel, mas fomos disputar o jogo pelo jogo, como as minhas equipas têm feito sempre e, mesmo limitados, tivemos sucesso. Os sócios, adeptos e simpatizantes do Vasco da Gama têm-nos apoiado sempre. Longe, ou perto, estão presentes, naturalmente, que, aqui em casa com o Sintrense, será diferente. Esperamos uma casa bem composta e isso ajudará muito, principalmente, os nossos atletas. Mas esperamos que, no domingo, as coisas estejam já mais ou menos orientadas em termos de formação do plantel, contudo, sabemos que temos que estar na luta.

 

Têm sido muitas as dificuldades para fechar o plantel?

Contratar atletas é fácil, mas contratar atletas que sejam mais-valias, cumprindo, religiosamente, o orçamento, é mais difícil. Sempre foi assim neste clube e acho muito bem, porque o Vasco da Gama só dá aquilo que pode dar. O clube tem vida própria, não pode terminar. Tem sido difícil contratar novos jogadores que acrescentem qualidade, mas a grande base, os atletas que, nos últimos tempos, têm dado grandes alegrias às pessoas da Vidigueira, e já “são Vasco”, estão cá. E esses são os pilares, são os atletas ao qual o clube tem de estar imensamente grato, porque também podiam ter ido embora. E eles, não obstante as dificuldades, quiseram ficar. É de louvar essa coragem, essa determinação, mesmo sabendo que a equipa ainda não está competitiva como eles querem e desejam, mas não fugiram. É bom que se reconheça isso. Não abandonaram o clube numa situação difícil.

 

O clube ficou isento da primeira eliminatória da Taça de Portugal, mas na segunda viajará para Trás-os-Montes, onde jogará com o Vilar de Perdizes…

Desde que cheguei ao Vasco é a segunda vez que ficamos isentos da primeira eliminatória da Taça. Mas depois temos jogado sempre em casa. Desta vez não. Teremos uma deslocação longa, para o terreno de um adversário, também do Campeonato de Portugal, mas isto é Taça de Portugal. Jogar em casa dá uma grande vantagem, mas a Taça de Portugal é uma competição de surpresas, por isso, vamos a Montalegre com a ambição de querermos passar essa eliminatória.

 

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