Diário do Alentejo

João Nívea, treinador do Lusitano de Évora, quer surpreender os adversários

18 de agosto 2023 - 12:00
“Não vendo sonhos”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Lusitano Ginásio Clube iniciará o Campeonato de Portugal no terreno do Sintrense. O treinador dos lusitanistas, João Nívea, a quem a direção, na época passada, pediu só a manutenção, levou a equipa eborense ao segundo lugar da série e à disputa à fase de subida à Liga 3.

 

Texto Firmino Paixão

 

“Só prometemos trabalho, sabendo que quem trabalha muito está mais preparado para ganhar”, garantiu o técnico João Nívea, de 32 anos, que, na época passada, conseguiu o “milagre” de projetar o Lusitano Ginásio Clube para a ribalta do futebol nacional, depois de ter passado por um conturbado período de ameaça ao encerramento das suas portas.

 

João Nívea só promete trabalho e uma equipa com muita ambição, porque, assegurou: “Não vendo sonhos”. Reconhece que a paixão dos lusitanistas é enorme e, perante a iminência de o clube deixar o Campo Estrela, diz: “Não será por isso que os nossos sócios e adeptos perderão essa paixão”.

 

Quais são as propostas com que o Lusitano de Évora se apresenta neste ano no Campeonato de Portugal?

Esta época será de continuidade e numa perspetiva da estabilidade. Foi o caminho que se escolheu, as pessoas já conhecem o treinador, o treinador já conhece as pessoas do clube, já conhece a massa adepta e aquilo que prometemos é muito trabalho. Estamos a preparar a equipa do Lusitano para que, semana após semana, independentemente do adversário, nos apresentemos com ambição de ganhar os três pontos, Naturalmente, que não há infalíveis. Ninguém ganha sempre. Também iremos perder, mas queremos é ganhar mais do que perder e queremos que os nossos adeptos percebam, e sintam, a nossa ambição de ganhar todos os jogos.

 

Na época anterior pediram-lhe para não descer de divisão e levou a equipa à discussão da subida à Liga 3. Que fenómeno foi esse?

É verdade. As pessoas do clube gostam de dar passos certos. Havia aquelas questões do passado recente, relativamente ao envolvimento da SAD [sociedade anónima desportiva]. O Lusitano é um clube muito cumpridor. Naquilo em que o presidente se compromete, cumpre na íntegra, por isso, quis dar um passo certo, que seria a manutenção. Mas nós conseguimos superar os objetivos, andámos sempre por cima daquilo que nos tinha sido proposto. Fizemos, todos, um excelente trabalho: a direção, os jogadores, os adeptos e a equipa técnica. Criou-se ali uma onda de atração das pessoas, a cidade voltou a virar-se para o Lusitano e tivemos sempre grandes molduras humanas nos nossos jogos. Agora, queremos manter esta proximidade com os adeptos, queremos que eles se revejam na equipa e tentaremos fazer jus a toda essa enorme história que o clube tem, mas sempre com passos bem dados, porque o passado recente do clube demonstra que, às vezes, sonhar demasiado e com os pés levantados do chão não é bom.

 

A Liga 3 chegou a ser um sonho?

Eu não vendo sonhos, vendo trabalho, estou aqui para isso, as minhas equipas têm essa imagem de serem muito trabalhadoras. Estamos sempre em constante evolução, queremos evoluir um bocadinho na nossa identidade. Procuramos fazer outras coisas e daí, também, tanta cara nova no plantel, porque queremos introduzir características diferentes no nosso plantel. Sabemos que esta série D será a mais difícil das quatro séries, mas queremos que o Lusitano tenha um lugar bem definido, naquilo que projetamos que possa ser um campeonato tranquilo.

 

Já falou em caras novas. São muitos os reforços para o plantel?

Temos uma equipa diferente. Ficámos, apenas, com quatro jogadores do ano passado. Na última época tínhamos uma equipa muito jovem, com jogadores que queriam valorizar-se. Era uma equipa combativa e forte fisicamente. Neste ano fomos à procura de algumas características diferentes, agora temos mais maturidade, uma média de idades um bocadinho mais elevada. Dois terços do plantel já trabalharam comigo em outros clubes por onde passei e isso dá uma proximidade muito grande entre os jogadores e o treinador e aquilo que são as minhas ideias. Queremos evoluir no nosso modo de jogar. Na época passada ninguém dava nada por nós, neste ano, se calhar, já esperam mais qualquer coisa do Lusitano. No futebol não podemos ser previsíveis, senão perdemos um bocadinho da nossa perigosidade. Temos de ser sempre capazes de nos reinventar, e é um bocadinho por aí que procuramos fazer uma “sopa” diferente, mudando os ingredientes e as características, para surpreender os adversários, com um Lusitano diferente, na imagem, daquilo que foi no ano passado. Só queremos um clube à imagem da época passada, naquilo que foi o número de vitórias, porque 51 pontos em 26 jogos foi um percurso quase imaculado.

 

Um treinador nunca tem o plantel que deseja. As questões financeiras limitam muito essa ambição?

Costumo dizer que no Campeonato de Portugal o futebol do contrato é o futebol do contrato. Connosco não. O mercado está aberto até final de fevereiro, portanto, podemos sempre perder ou adicionar jogadores ao nosso plantel. Mas dentro daquilo que foi a nossa projeção e a nossa abordagem, penso que temos uma equipa equilibrada e não devem esperar muito mais mudanças da nossa parte. Estamos confiantes. O clube dá-nos todas as condições, eu e o presidente estamos em sintonia, a empatia com os sócios é excelente, portanto, temos tudo para estarmos confiantes.

 

Começam o campeonato com uma deslocação ao terreno do Sintrense…

Tenho essa máxima de que seria melhor começarmos em casa. Mas, neste ano, não pudemos escolher bolas para o sorteio. No ano passado fizemo-lo, escolhi uma bola que começasse e acabasse em casa. Nos últimos quatro jogos tivemos três em casa. Queria ter essa força dos adeptos, começar e acabar “no colo” dos adeptos, sabendo que, pelo meio, teríamos que passar pelo cabo do “gigante Adamastor”, que eram os jogos fora. Neste ano foi o que a sorte nos ditou, vamos a Sintra com ambição e, na segunda jornada, sim, já voltaremos “ao colo” dos nossos associados, com o Barreirense. Depois, à terceira jornada, teremos o dérbi com o Juventude, mas aí jogaremos em casa, porque os lusitanistas vão fazer sentir o seu apoio à equipa. Na Taça de Portugal gostaria de chegar à terceira eliminatória e apanhar uma equipa da 1.ª ou 2.ª Liga. Seria mais um momento marcante para todos os lusitanistas.

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