Diário do Alentejo

Treinador Manuel Ramos (CCP Serpa) já olha para a próxima época

08 de julho 2023 - 10:00
Uma equipa aguerrida
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Centro de Cultura Popular de Serpa disputará, pela terceira época consecutiva, o Campeonato Nacional de Andebol da 2.ª divisão em seniores masculinos que, na próxima edição, terá um figurino diferente.

 

Texto Firmino Paixão

 

O treinador Manuel Ramos, que se manterá como timoneiro da equipa, fez uma análise muito realista da última temporada desportiva, que considerou positiva, ainda que ambicionasse um pouco mais. Identificou alguns erros a corrigir no futuro e perspetivou a próxima época, que, face à alteração do modelo competitivo e ao aumento do número de jogos, constituirá um desafio muito difícil para a formação serpense, justificando, desde logo, a procura de mais opções para o plantel.

 

A última época foi bem conseguida?

O objetivo principal foi conseguido, era a permanência na 2.ª divisão nacional, e essa meta foi atingida. Agora, como é óbvio, nenhum treinador fica contente apenas com isso. Queremos sempre mais. Terminámos no 11.º lugar, com seis pontos de vantagem sobre a primeira equipa que desceu, que foi o Vela de Tavira. A manutenção foi assegurada a três jornadas do fim da prova, uma meta que queríamos atingir mais cedo, mas há coisas que temos de melhorar, portanto, temos de trabalhar ainda muito mais. Queremos mais consistência em termos de jogo, conseguimos bater-nos bastante bem com equipas muito boas, como foi o caso do Boa-Hora, do Benfica, batemos o pé ao Alto do Moinho, mas queremos mais e, fora de casa, praticamente, só vencemos em Tavira. É sinal de que temos de ter outra atitude nos jogos fora do nosso pavilhão.

 

O próximo campeonato terá um novo figurino…

Sim, com a criação da nova liga de honra, que será a nível nacional e com 10 equipas. A 2.ª divisão manterá as três zonas, mas com 10 equipas em cada uma. No nosso caso, teremos quatro clubes da margem sul do Tejo, quatro de Lisboa e depois estamos nós e o Lagoa. Ficaremos um bocadinho mais deslocados, quer nós, quer o Lagoa, e o campeonato acabará por ser mais competitivo. Estamos no terceiro ano consecutivo nesta divisão e o trabalho que teremos pela frente tornar-se-á ainda mais complicado. Vamos ter de começar mais cedo, vamos ter de trabalhar melhor para alcançarmos os objetivos muito mais cedo.

 

O campeonato anterior já não era fácil. Jogaram contra equipas como Benfica B, Sporting B, Boa Hora, enfim, clubes com outro potencial…

A qualidade das equipas acaba por crescer muito, sobretudo, na região da Grande Lisboa, porque recrutam jogadores que vão saindo das equipas principais, como o Benfica e o Sporting ou Belenenses, em termos de camadas jovens, e que vão reforçando aquelas equipas mais próximas. As equipas da 2.ª divisão naquela zona da margem sul e Grande Lisboa reforçam-se bastante. Por isso, a luta pela permanência nesta divisão, para clubes como o nosso, é cada vez mais difícil. Estamos numa região onde não conseguimos ter essas escolhas. Temos tentado recrutar jogadores com alguma experiência, é verdade que temos uma equipa já com alguma experiência a este nível, mas faltam-nos mais opções. Começamos a última época com 23 jogadores e terminámos com 16, sendo quatro deles guarda-redes. Terminámos a época com a primeira linha, praticamente, de rastos, com jogadores a fazer 60 minutos por jogo, numa divisão com esta exigência.

 

Com o novo modelo competitivo a exigência será maior…

No próximo ano a época terá 32 jogos. A primeira fase, com as 10 equipas, terá 18 jogos. Na fase regular sairão as primeiras duas para o acesso à liga de honra e, na segunda fase, com oito equipas, transitamos com metade dos pontos e faremos mais 14 jogos. Por isso, quanto mais opções tivermos melhor será para nós. Temos tentado atrair alguns atletas na região de Évora, porque jogar numa 2.ª divisão acaba por ser mais atrativo. Em Beja, com a mudança de treinador [na Zona Azul], será mais complicado recrutar jogadores, mas também queremos atletas que já tenham alguma rotina nesta divisão, o que não é fácil. Os jogadores mais jovens precisam de crescer muito e mais rapidamente. Procuramos jovens, mas com algum traquejo, para nos permitirem termos mais soluções ao longo do campeonato. Mas tenho de deixar uma palavra de apreço aos nossos jogadores, sobretudo, aos mais velhos, porque são eles a base de apoio dos mais jovens.

 

A equipa teve o melhor marcador das três zonas, José Vargas, mas, depois, foi a terceira pior em termos de golos sofridos…

Também fizemos essa análise no final do campeonato. Olhando aos números e àquilo que eles representam, é essa a conclusão. A estratégia defensiva é um ponto em que temos de nos focar mais. Mas assim que assegurámos o objetivo, os jogadores desligaram um pouco e perdemos os três jogos finais. Isso acaba por ser muito o espelho daquilo que ainda temos de crescer. Perceber que o foco é para manter até ao final da época, não obstante as metas estarem alcançadas. Esse é um dos pontos em que temos de melhorar bastante para não repetirmos no próximo ano. Um caso importante foi o facto de José Vargas terminar o campeonato com 196 golos. Foi o melhor marcador de todas as séries. Foi um feito enorme. Mas também realça aquilo que já dissemos, o José fez 25 jogos quase na totalidade dos minutos e nós precisamos de dar descanso a um jogador como ele, portanto, precisamos de mais opções.

 

Na próxima época certamente que não faltará ambição nem dedicação e a procura de um lugar melhor na tabela classificativa?

Na próxima época desportiva, o que podem esperar de nós, é sermos uma equipa muito lutadora. Tentaremos dignificar ao máximo o Centro de Cultura Popular de Serpa, o nosso concelho e esta a região. Queremos garantir a manutenção quanto antes e, acima de tudo, melhorarmos os aspetos em que estivemos menos bem. Queremos garantir que a modalidade continue com esta dinâmica em Serpa, embora as dificuldades sejam crescentes. O futuro não está assegurado. Mas seremos, sem dúvida, uma equipa aguerrida, com os processos bem definidos e sabendo o que tem de se fazer em campo, que é vencer. As equipas quando vêm a Serpa já sabem ao que vêm, porque o nosso público apoia-nos imenso, é muito entusiasta e galvaniza os jogadores.

 

Comentários