Diário do Alentejo

Sport Clube Odemirense está a comemorar o centenário da sua fundação

17 de junho 2023 - 12:00
Uma magnífica história
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Sport Clube Odemirense, considerado como o maior embaixador do concelho de Odemira, está a comemorar o centenário da sua fundação. No seu palmarés conta com vários títulos regionais nos diferentes escalões em que tem vindo a competir na Associação de Futebol de Beja (AFBeja).

 

Texto Firmino Paixão

 

Fundado no dia 1 de março de 1923, é já titular da Medalha Municipal de Mérito, galardão atribuído pelo município de Odemira, reconhecendo o eclectismo do seu passado e a vocação, mais contemporânea, para a formação de jovens desportistas. Poucas são as memórias vivas dos tempos da sua fundação mas, no emblema banhado pelas águas mansas do rio Mira, ficarão eternamente lembrados nomes como Fernando Correia, José Pinto (Péricoli), Marcelino Barros, António Lopes do Rego, Eduardo Lourenço (Rabiço), António Militão Camacho, Farrôba, Manuel Macarro, António Penha de Almeida, César Alão e Augusto César, um dos primeiros “11” que envergou a camisola odemirense.

 

Nos tempos atuais, curadas as dores do crescimento, mas sem necessidade de cuidados paliativos, porque os 100 anos são sinais prometedores de mais crescimento e maior vitalidade, o clube é liderado pela enfermeira Inês Correia, que aqui revela como tem estado a decorrer este tempo de celebração do centenário.

 

“Tem sido um tempo fantástico a todos os níveis. Conseguimos voltar a ter em atividade todos os escalões de formação, que era um dos nossos grandes objetivos. Temos conseguido, também, aproximar mais a comunidade e os antigos atletas ao clube. Tem sido realmente um ano de muito sucesso, principalmente, ao nível da formação”.

 

De resto, assegura, a formação é a reserva para os tempos vindouros. “É nessa perspetiva que temos vindo a trabalhar. Tem sido o nosso foco desde há quatro ou cinco anos para cá. Estamos a colher agora os frutos e esperamos prosseguir esse caminho”.

 

Uma das mais recentes conquistas foi a Taça Armando Nascimento pela equipa de juvenis.

 

“Temos equipas muito competitivas. Quando fizeram a transição do futebol de nove para 11, conseguimos equipas bastante competitivas. A nossa equipa de infantis ficou em segundo lugar, a um ponto do campeão, o Moura Atlético Clube, os juvenis terminaram o campeonato no segundo lugar e venceram a Taça Armando Nascimento, os juniores foram campeões e ganharam a Taça do Distrito, os sub/23 ganharam o Torneio Revelação, portanto, esta época foi mesmo uma época à imagem da grandeza do Odemirense ao longo destes anos todos de existência”.

 

Sinal de que existirá muita qualidade, como se depreende dos quatro troféus que, na última Gala dos Campeões da AFBeja, viajaram para o altar das glórias do Odemirense.

 

“Temos muita qualidade e temos jogadores do concelho. São gerações muito valiosas, sabemos que estas coisas, às vezes, acontecem por ciclos, mas neste ano o trabalho foi orientado nesse sentido. Juntar todas as gerações a alguns nossos jogadores e depois, também, a equipa de iniciados, que nos orgulhou imenso com a prestação que fez no campeonato nacional”.

 

O sentimento de satisfação da presidente só pode ser enorme.

 

“Sinto um grande orgulho. Como odemirense e apaixonada pelo futebol não poderia pedir melhor. Temos uma equipa fantástica, que tem ajudado a manter o clube com uma grande dinâmica. Portanto, só tenho que me sentir bastante orgulhosa”.

 

Mas de onde lhe vem, afinal, essa paixão pelo futebol? “Sou filha de um jogador e treinador, sou irmã de jogador e treinador, e o futebol, desde que tenho memória, esteve sempre presente na minha família e na minha vida. Depois, também estive sempre muito ligada ao associativismo, quer através da associação de estudantes do secundário, quer, depois, quando me formei na Escola Superior de Enfermagem de Beja, e a paixão vem daí. Juntou-se o útil ao agradável, os anos vão passando e eu ainda por aqui me mantenho, com muito amor pelo Odemirense”. E ainda existem memórias vivas, dos primeiros tempos do Odemirense, revelou Inês Correia.

 

“Temos o sócio n.º 1 do clube, o senhor António Maria, tem 96 anos, portanto, tem quase a idade do clube. No dia 1 de março organizámos uma cerimónia simbólica com a colocação de uma placa na sede, ele esteve presente e partilhou muitas histórias connosco. Tem apenas quatro anos de diferença do Odemirense. Foi um momento muito emotivo”.

 

Como olhará esse sócio para o Odemirense dos tempos modernos? “Com muita surpresa”, garantiu Inês Correia. “Surpreendido por ver a grande envolvência e dinâmica que o clube tem hoje, principalmente, pelo número de atletas que o representam, cerca de 200”. Outrora bastante ecléctico, hoje nem por isso.

 

“Além do futebol, temos o futsal adaptado e o boccia, numa parceria com a Associação de Paralisia Cerebral de Odemira. São projetos super interessantes. Estamos a tentar reativar o futsal feminino, já temos a equipa formada, já iniciámos treinos de basquetebol. O objetivo passa, pois, por sermos cada vez mais um clube ecléctico e inclusivo, para integração de todos e de todas”. 

 

Com vários títulos regionais conquistados, o clube já competiu na antiga terceira divisão nacional, patamar que, por ora, parece estar fora dos horizontes da direção. “Será muito difícil pensarmos em competir no Campeonato de Portugal. Teria que existir uma grande mudança ao nível de apoios financeiros. A nossa maior ambição passa sempre pela conquista da Taça Distrito de Beja”.

 

Preservação do património e uma gestão cuidada são as prioridades, não fosse o clube dirigido por uma mulher, segundo a própria.

 

“Dizem que as mulheres são mais rigorosas, pelo menos, serão mais metódicas. O Odemirense tem, de facto, algum património, tem receitas fixas, mas a maioria dos apoios vem da junta de freguesia e do município e, depois, dos eventos que organizamos, mas é tudo muito difícil, porque isto é tudo à base de voluntariado”.

 

Um aniversário, logo um centenário, pressupõe uma prenda! Qual a que desejaria para o clube? “Desfrutar do que foi esta época já foi espetacular. Quer ao nível do brilhantismo das equipas de formação, quer da representatividade do clube nas diferentes seleções distritais, acho que esse é o melhor prémio que temos recebido. Sabemos que ‘o sonho comanda a vida’. Sonhávamos conquistar a Taça Distrito de Beja nesta época, mas não foi possível, mas fomos compensados com os outros troféus conquistados pelos meninos, porque não podemos deixar de olhar para o Odemirense como um todo, e não para esta ou aquela equipa”.

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