Diário do Alentejo

Pedro Amaro, mesmo no sofá, viu o Aljustrelense vencer a primeira fase

04 de março 2023 - 15:00
Com espírito de missão...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Mineiro Aljustrelense concluiu a primeira fase do “Distritalão” no primeiro lugar da tabela. Mesmo sem jogar, porque a equipa folgou na derradeira ronda deste momento competitivo. Os tricolores cortaram esta meta intercalar isolados, beneficiando da derrota caseira do Castrense.

 

Texto Firmino Paixão

 

Nesta altura da prova, o primeiro lugar vale o que vale, ainda assim, “gasómetro que vai na frente alumia duas vezes”. Pedro Amaro não valoriza, por aí além, esta posição cimeira, justificando que ainda terão muitos jogos pela frente. “Estão muitos pontos em disputa. Nada está definido”. Afirmou, por isso, que “o campeonato está em aberto”. “Não iremos desistir, nem baixar a guarda, pelo facto de estarmos no primeiro lugar, porque sabemos o muito que ainda falta jogar”.

 

O grupo de trabalho está focado na conquista do título?

Os objetivos já tinham sido traçados no início da época, com a outra equipa técnica e antes da minha chegada. E não é por ter existido uma mudança de treinador que se iria alterar tudo o que estava planeado, portanto, o objetivo manteve-se. E, sim, é o título.

 

O Castrense e o Aljustrelense são as duas equipas de onde sairá o próximo campeão distrital?

Há muitos pontos em disputa. Não vou estar aqui a dizer que seremos nós ou que poderá ser o Castrense. Não está nada decidido. O que posso dizer é que, até ao final do campeonato, ainda existirá uma luta muito intensa pelos primeiros lugares. Teremos de trabalhar muito forte, jogar todos os jogos ao nosso melhor nível. Contudo, teremos de ser mais perfeitos na finalização, porque foi isso que nos faltou, até aqui, em algumas partidas.

 

Assumiu a equipa à 14.ª jornada, após a saída de José Luís Prazeres. Tem oito jogos, uma derrota e dois empates. O saldo é satisfatório?

Estou satisfeito com o meu percurso, desde que enveredei por esta carreira de treinador. Não apenas com o meu percurso como treinador do Mineiro. Tudo isto começou em 2015. Ao longo do tempo tenho vindo a subir degraus e espero que assim se mantenha. Não estava à espera do convite para transitar da equipa júnior para os seniores. Primeiro fui convidado para assumir a equipa, interinamente, no jogo com o Milfontes, o que aceitei. Depois, fui confirmado pela direção como treinador do plantel sénior. Muito honestamente, aconteceu algo que nunca tinha pensado. O meu foco estava totalmente na equipa de juniores, uma formação pensada, recrutada e trabalhada por mim, e o objetivo era o campeonato de juniores. Contudo, surgiu o convite da direção e, nessa altura, acabei por aceitá-lo com elevado espírito de missão.

 

O convite surpreendeu-o?

Sim. Fiquei muito surpreendido. Não estava, minimamente, à espera que isso pudesse acontecer. Não é muito normal apostarem num treinador com 32 anos para uma equipa de seniores. Provavelmente, muita gente deverá ter achado que me faltaria experiência. Sem conhecerem aquilo que é o meu trabalho poderiam pensar que me faltaria experiência para assumir essa responsabilidade.

 

Foi uma solução encontrada dentro do próprio clube. “Santos da casa” fazem milagres?

Esperemos que sim. Mas não será um milagre, isso parece que só acontece em Fátima e eu não acredito muito em milagres. Acredito é no trabalho que fazemos e na nossa vontade de ganhar. Esta é a minha segunda época no Mineiro, cheguei cá no ano passado para a equipa de iniciados, neste ano tinha assumido o juniores e depois os seniores.

 

O plantel tem qualidade para chegar ao título?

Sim! Tenho um excelente plantel, recheado de jogadores jovens que querem mostrar a sua qualidade. Também temos uma retaguarda de juniores com imensa qualidade. Já coloquei dois ou três jogadores dessa equipa a trabalhar com os seniores e, um ou outro, já se estreou mesmo a jogar. É muito importante olharmos para a formação, porque temos ali jovens com muito valor. O plantel sénior é muito equilibrado, bem constituído. Quem o recrutou, anteriormente, fez um excelente trabalho, isso tem de ser dito. Temos atletas para várias soluções e em janeiro fomos buscar mais dois jogadores que vieram acrescentar muita qualidade, principalmente, no setor defensivo.

 

O clube tem tradição na formação. Existe a preocupação de ir integrando os jovens oriundos dessa área?

Claro. Um dos objetivos que me pediram, nesta época, relativamente à equipa de juniores, era prepará-los para chegarem à equipa sénior. Logicamente que, com as exigências que o Mineiro tem enquanto clube, sabemos muito bem aquilo que é a bancada, e, então, havia que trabalhar muito bem esses jovens no aspeto mental, fazê-los saber aquilo que iriam encontrar e aquilo que serão, depois, as exigências do jogo, muito físico, muito intenso, com inúmeros duelos individuais. Mas a equipa está, realmente, muito bem trabalhada para enfrentar essas dificuldades.

 

Quando se referiu à bancada, está a assumir que o clube tem uma massa associativa exigente?

Muito exigente. Desde que estou no Mineiro, e esta, como disse, é a segunda época, sei que os nossos adeptos não valorizam um grande drible, um lance muito vistoso. Exigem é que todos os jogadores que entrem em campo defendam esta camisola com unhas e dentes. Que deixem tudo em campo. Se um jogador perder a bola, exigem que reaja e a vá recuperar logo de seguida. Querem ver entrega máxima e os jogadores têm de estar preparados para isso e conscientes da responsabilidade que têm em representar este clube.

 

Um clube que deve competir num patamar mais acima…

Temos de ser ambiciosos e pensar sempre um pouco mais adiante. Temos condições para estar no Campeonato de Portugal? Claro que temos. Mas temos de nos esforçar, trabalhar todos os dias afincadamente. O Mineiro tem um palmarés glorioso. Tem um passado muito bonito, de presenças em campeonatos nacionais. É aí que queremos estar, o campeonato nacional é a nossa praia. Sentimo-nos como peixe na água num campeonato nacional.

 

Como perspetiva a segunda fase?

Esperamos uma segunda fase muito difícil. Repare que temos o Castrense, o Despertar, o Moura, o Renascente e o Cuba. Teremos deslocações muito difíceis, mas, em casa, mandamos nós. Temos de fazer da nossa casa um verdadeiro castelo. Aqui somos obrigados a ganhar e, depois, teremos de dar tudo para o conseguirmos fazer, também, nos campos dos adversários.

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