Diário do Alentejo

Hélder Martins e o título nacional conseguido pelo Ginásio Clube de Sines

29 de julho 2022 - 13:00
Um dia histórico ...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Ginásio Clube de Sines venceu o Campeonato Nacional de Futebol de 11, da Fundação Inatel. Um título inédito, que muito honra e prestigia o clube do litoral, mas também a cidade de Sines e a região alentejana.

 

Texto Firmino Paixão

 

Foi realmente um dia de muitas emoções”, confessou Hélder Martins, treinador da equipa campeã, referindo-se à final disputada no Estádio 1º de Maio, em Lisboa. “Mas não só aquele dia da final” – adiantou o treinador – “o nosso trajeto, até lá, foi cheio de emoções, porque nós não estávamos preparados para viver momentos tão intensos. Foi um dia espetacular, poucas palavras podem definir aquilo que sentimos nesse dia em que conquistámos o título nacional do Inatel”. Hélder Martins lembrou que jogaram contra os campeões nacionais em título, uma equipa com muita qualidade, que valorizou a conquista dos sinienses, testemunhada por imenso público que foi incansável no apoio à formação alentejana. “Um dia histórico para o Ginásio Clube de Sines”, revelou, admitindo que o grupo ainda anda um pouco a “processar tudo aquilo que este título significa”.

 

Um dia também importante para a cidade de Sines, porque a projetaram de uma forma muito digna, durante este percurso competitivo?

Sim, ainda que estejamos a falar de uma competição do Inatel, uma competição amadora, que não tem tantos holofotes a incidir sobre ela, é sempre um título nacional e nós, à medida que íamos conseguindo bons resultados, íamos sentindo um pouco a envolvência da população siniense e também a ajuda que o próprio município nos deu, especialmente na complicada deslocação que fizemos a Chaves. Tudo isso nos catapultou e deu-nos um empurrão forte para que atingíssemos este objetivo. Foi muito importante para os jogadores sentirem-se apoiados. Por isso, sim, é um título que projeta esta cidade, este concelho e todo o Alentejo.

 

Alguma vez lhe passou pela cabeça que iria ser campeão nacional do Inatel?

Para ser sincero, terei que dizer que não. Era um sonho, isso sim, é o sonho de qualquer atleta, de qualquer dirigente ou treinador, sonhar ser campeão nacional mas, sinceramente, isso nunca foi motivo de conversa entre nós, nem era um objetivo concreto. A nossa meta era conquistar o campeonato regional, o nosso foco estava todo na conquista dessa competição organizada pelo Inatel de Beja. Infelizmente, não o conseguimos, mas, obviamente, não trocava esse título pelo que conseguimos.

 

Qual foi a receita para este sucesso?

Foi, essencialmente, a conjunção entre o trabalho, a entrega e a ambição da equipa. Sentimos sempre isso e, depois, temos que juntar outro ingrediente que é orgulho que fomos sentindo à medida que as coisas estavam correndo. Mas não existe uma receita certa para se chegar onde chegámos. Qualidade terá que existir sempre, isso é fundamental. Mas existiu uma simbiose muito forte entre os jogadores, a equipa técnica e o departamento de futebol, com toda a gente unida e a remar para o mesmo lado e, na parte final, a envolvência da comunidade siniense também ajudou muito.

 

Iniciaram a fase nacional com uma vitória em Chaves…

Foi um excelente início, após uma deslocação difícil. Os clubes, a este nível, não estão estruturados para viajar de uma ponta à outra do país. Tivemos que adaptar as nossas vidas pessoais para fazermos esta viagem, e, se não fosse o grande apoio do município, dificilmente conseguiríamos cumprir essa deslocação. Entrámos bem no jogo e conseguimos uma vitória (0-3) muito meritória. Nos quartos-de-final, recebemos o Juventude Portelinha, uma equipa muito forte, mas fomos muito competentes e vencemos (3-1). O jogo das meias-finais foi o mais difícil, apanhámos aqui uma equipa muito forte, o Bairro de São João, tetra campeão de Lisboa, equipa que nos obrigou a trabalhar muito, mas vencemos (1-0), com mérito. Na final, defrontámos o campeão nacional, o Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, um adversário com um grande histórico, era campeão distrital, nacional e já foi campeão mundial. Jogámos no 1º de Maio, em Lisboa, um estádio histórico, com uma envolvência a que não estamos habituados. Fomos competentes. Eu estou a dar a cara por esta conquista nacional, mas existe muita gente que ajudou para que isso acontecesse.

 

Entretanto, já anunciou a sua saída do comando técnico da equipa do Ginásio clube de Sines…

Estava decidido. Tinha tomado essa decisão em fevereiro e já a tinha comunicado às pessoas que trabalhavam comigo. Comprometi-me a concluir a época, dei o máximo, dei tudo de mim para chegarmos ao final mas, acontecesse o que acontecesse, a decisão estava tomada, porque já não consigo conciliar a minha vida familiar e profissional com a desportiva. Nem a conquista do título me faria voltar atrás, estava determinado a renunciar, nunca pensei noutra hipótese.

 

É um fim de um ciclo no futebol ou está disponível para outros desafios?

Nós tínhamos tudo alinhavado, preparámos as coisas com tempo, porque a minha saída foi comunicada muito atempadamente e, então, chegámos à conclusão de que eu me poderia manter no clube, o que vejo com bons olhos e aceito, mas noutras funções, como diretor desportivo ou responsável pelo futebol. Ficarei perto da equipa, mas quem irá assumir era meu adjunto e trabalhou sempre comigo, o Daniel Mencia. Aliás, já estava com a equipa quando eu não podia estar presente, e aconteceu algumas vezes. O novo treinador é a pessoa indicada para me suceder e eu tentarei ajudar por fora naquilo que a minha vida pessoal me permitir. Mas a conquista deste título nacional não nos retira a ambição de querermos mais.

 

Esta experiência fê-lo crescer como treinador e como homem?

Sem dúvida. Nunca tinha feito do meu projeto de vida ser treinador de futebol. Foi uma coisa que aconteceu naturalmente, porque eu joguei no clube. Fui capitão da equipa e, quando terminei a carreira, convidaram-me para assumir a equipa como treinador. Aceitei com espírito de missão, gostava do ambiente e das pessoas e senti que era uma oportunidade de ajudar o clube, pondo em prática algumas ideias que tinha. Crescemos muito como estrutura, mas não me vejo mais com treinador. A palavra nunca talvez seja muito forte, porque não se sabe o dia de amanhã, mas assumir outro projeto e ser treinador contra o Ginásio, isso nunca.

 

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